“You are the truth they deny”: Favoritos de 2013

Marcus Vinicius
19 min readApr 28, 2019

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É um ano épico por conter não só um, mas dois dos meus 10 álbuns favoritos de todos os tempos — “Tales of Us” e “Loud City Song” são respectivamente meu álbum favorito e meu terceiro álbum favorito de todos os tempos, fazendo dos dois praticamente AOTY conjuntos — mas para além de ambos, o top 20 inteiro é um dos meus mais sólidos da década — o ano em si representa uma evolução para diversos artistas, encontrando várias descrições dos mesmos como “uma refinação” “a melhor versão do artista até agora”, “evolução clara”, com vários artistas novos dando continuidade e cimentando seus talentos e também mostrando também uma diversidade de sonoridades.

10 MELHORES EPS / PROJETOS:

Self-Released, 30/09

10. Kero Kero Bonito — Intro Bonito (Picopop)

Faixa essencial: My Party

Sony, 20/10

09. MØ — Bikini Daze (Electropop)

Faixa essencial: XXX88

Gaga Digi, 16/09

08. Bree Tranter — Jaws (Indie Folk)

Faixa essencial: Wounded Love

Self-Released, 08/04

07. Carne Doce — Dos Namorados (Indie Rock)

Faixa essencial: Cavalgada

Hippos in Tanks, 23/06

06. Arca — &&&&& (Glitch Hop)

Faixa essencial: Harness

Universal

05. Lorde — The Love Club (Art Pop, Synthpop)

Faixa essencial: Bravado

Milk!, 15/10

04. Courtney Barnett — How to Carve a Carrot into a Rose

Faixa essencial: Avant-Gardener

Harvest, 10/09

03. BANKS — London (Alternative R&B)

Faixa essencial: Waiting Game

Pleasure Masters, 29/06

02. Annie — A&R (Dance-Pop, Nu-Disco)

Faixa essencial: Invisible

Young Turks, 17/09

01. FKA twigs — EP2 (Alternative R&B, Art Pop)

Faixa essencial: How’s That

OS 50 MELHORES ÁLBUNS:

PMR, 03/06

50. Disclosure — Settle (UK Garage)

Faixa essencial: When a Fire Starts to Burn

Disclosure é um dos melhores grupos de EDM mainstream e com seu álbum de estreia mostram um ótimo balanço entre produções House envolventes e interessantes com composições pop deliciosamente pegajosas, com ganchos e refrões substanciais e não simplesmente fillers.

MBV, 03/02

49. My Bloody Valentine — MBV (Shoegaze)

Faixa essencial: Wonder 2

Não foi exatamente o retorno massivo esperado para a banda — “M B V” soa mais como um álbum de companhia para “Loveless”, só que lançado 20 anos depois — as estruturas e sonoridades são parecidas e as influências de drum and bass injetadas são o único aspecto novo, mas a banda ainda consegue produzir um álbum de qualidade — pois afinal, é um álbum de companhia para nada mais nada menos que “Loveless”.

Indie, 25/01

48. Cult of Luna — Vertikal (Atmospheric Sludge Metal)

Faixa essencial: I The Weapon

Varia entre uma dinâmica quiet/loud por todo o álbum e incorpora elementos eletrônicos e industriais dentro do post-metal da banda, o que é uma adição excitante que torna o álbum mais interessante de se explorar, sem abrir mão da intensidade e surrealidade de antes.

Tri Angle, 15/04

47. The Haxan Cloak — Excavation (Dark Ambient)

Faixa essencial: The Drop

Dark Ambient em uma essência bem pura — completamento ermo e desolado, com estruturas totalmente esparsas e uma construção de melodia abstrata, “Excavation” é realmente como uma corda jogada no vácuo que faz movimentos trêmulos para algo ou alguém que nunca a agarrará.

N.E.E.T., 5/11

46. M.I.A. — Matangi (UK Hip Hop, Electropop)

Faixa essencial: Bring the Noize

Tem sua consistência minada por alguns pontos baixos, que o impedem de ser tão fantástico quanto seus antecessores — mas os pontos altos do mesmo são tão altos que conseguem manter “Matangi” como um dos melhores álbuns do ano mesmo assim, canalizando a intensidade M.I.A. em um formato mais acessível.

SM, 29/07

45. f(x) — Pink Tape (K-Pop)

Faixa essencial: 미행 (그림자)

Seguindo os passos do EP de 2012, “Pink Tape” é a consolidação de f(x) como um dos grupos de K-Pop mais consistentes — duas baladinhas obrigatórias de lado, cada canção aqui é um exemplo maravilhoso de K-Pop na dosagem certa entre produção efusiva e intensa com inventividade e canções pop bem entregues e construídas.

Arbutus, 03/03

44. Blue Hawaii — Untogether (Indietronica, Ambient Pop)

Faixa essencial: Follow

Tem uma abordagem mais atmosférica na dinâmica de duos de synthpop — os vocais vítreos e a produção frágil se complementam de maneira eficiente — as composições variam entre canções mais cheias e outras mais esparsas, mas são convincentes ao evocarem imagens e criarem uma atmosfera cativante.

Second Language, 03/06

43. Áine O’Dwyer — Anything Bright or Startling? (Avant-Folk)

Faixa essencial: Falcon / Egress / Coiled Eyes

De natureza experimental, ainda é um álbum folk em seu centro — canções com mais de 10 minutos se variam entre diversas sessões de um folk progressivo, passagens mais experimentais e as vezes um drone direto e assombrado — as composições são abstratas, mas fortes e a interpretação se mistura a névoa avant-garde que permeia o álbum.

Profound Lore, 17/09

42. Subrosa — More Constant Than the Gods (Doom Metal)

Faixa essencial: The Usher

Soa como uma estátua gigante de uma deusa — um monólito que exibe uma aura de poder esmagadoramente intensa, que te petrifica ao encará-lo — enquanto isso Subrosa consegue dar ângulos lancinantes e elusivos a esse monólito, com ótimos riffs e um vocal massivo que se encaixa na grandiosidade da atmosfera.

Columbia, 20/05

41. Daft Punk — Random Access Memories (Disco)

Faixa essencial: Giorgio by Moroder

Daft Punk se vira para a música dance original — Disco, numa abordagem muito mais tradicional do gênero, a dupla mistura bem os dois lados da moeda e conseguem prestar uma homenagem que não soa revisionista, além de se manterem capazes de produzir faixas de euforia intensa com produções imaculadas.

PIAS, 30/09

40. Agnes Obel — Aventine (Singer/Songwriter)

Faixa essencial: Fuel to Fire

Ainda mantém a sensibilidade do seu álbum de estreia, mas apresenta ela de forma mais minimalista e tímida — não temos um destaque muito óbvio, mas uma sequência de faixas esparsas e atmosféricas, que perambulam pelo tom noturno e outonal do álbum de maneira vagante, mas séria.

Asylum, 15/04

39. Charli XCX — True Romance (Electropop, Synthpop)

Faixa essencial: Nuclear Seasons

Mesmo antes de se tornar imparável com a PC Music, XCX já tinha um ótimo senso de composição e de como misturar música pop com sonoridades mais experimentais e criar canções estonteantes, afiadas e inesquecíveis — com um pouco mais de consistência na sua segunda metade, “True Romance” seria um clássico.

Fade to Mind, 01/10

38. Kelela — Cut 4 Me (Alternative R&B, UK Bass)

Faixa essencial: Bank Head

Por se tratar de uma mixtape, ainda não tinha a produção espiralante e estonteante do seu álbum de estreia, mas ainda assim “Cut 4 Me” já demonstra o talento de Kelela em sua entrega frágil e intoxicante e suas composições exuberantes, mas minimalistas em natureza.

Deathwish, 20/08

37. Oathbreaker — Eros|Anteros (Metalcore)

Faixa essencial: The Abyss Looks Into Me

Provê uma abordagem mais atmosférica a agressividade do álbum de estreia da banda — a vocalista explora ângulos mais dinâmicos para seus vocais marcantes e a banda acompanha, indo de explosões ferozes a canções mais encapsulantes e gélidas — uma evolução clara em som, vocal e composição.

Columbia, 01/10

36. HAIM — Days Are Gone (Pop Rock)

Faixa essencial: If I Could Change Your Mind

Vestindo suas influências em suas mangas, HAIM trazem o pop rock do Fleetwood Mac e o atualiza para uma produção polida e moderna, mas não se esquecendo das composições sólidas e extremamente cativantes — são ganchos em cima de ganchos em “Days Are Gone”, com melodias ensolaradas e um certo tom de euforia blasé.

Hyperdub, 28/10

35. Laurel Halo — Chance of Rain (Techno)

Faixa essencial: Oneiroi

Sem os vocais apáticos presentes em “Quarantine”, Halo transforma “Chance of Rain” em algo que soa ainda mais calculado e ameaçador — como a fábrica que produz os androides do álbum anterior — frio, complexo e eternamente pulsante — trabalha com ângulos excitantes na música techno.

un BORDE, 26/06

34. きゃりーぱみゅぱみゅ — なんだこれくしょん (J-Pop)

Faixa essencial: にんじゃりばんばん

Apresenta uma evolução em diversos aspectos em relação ao seu antecessor — a produção intensamente colorida é divisada por influências mais diversas, sem deixar de lado o contraste entre o pop efusivo elementos mais inventivos e caleidoscópicos — é a culminação da brilhante colaboração entre Kyary e Nakata

Infectious, 10/06

33. These New Puritans — Field of Reeds (Post-Rock, Ambient)

Faixa essencial: V (Island Song)

Estilisticamente parecido com post-rock, mas se recusa a ser catalogado com qualquer gênero — um build-up constante, que cresce e cresce e se mantém ali, sem um clímax — mistura elementos de música clássica, rock e ambient e afunda todos numa piscina, os elementos sempre submergidos e não-vistos em sua forma completa, mas ainda assim pungentes.

Self-Released, 15/05

32. Dorgas — Dorgas (Neo-Psychedelia, Sophisti-Pop)

Faixa essencial: Hortência

Uma banda que entendeu a cena alternativa brasileira — pegou essa sonoridade pop polida que ganha afeição por aqui e distorceu-a com uma psicodelia, mas ainda mantendo o tom extremamente polido e acessível da coisa, criando uma fusão estranha entre o experimental e o pop, coberto por uma camada de pós-ironia deliciosa que transforma “Dorgas” em algo emblemático.

Warp, 30/09

31. Oneohtrix Point Never — R Plus Seven (Progressive Electronic)

Faixa essencial: Still Life

Se “Replica” ressonava de forma mais emotiva, “R Plus Seven” tem uma abordagem mais cerebral — é como observar a história da tecnologia se desenvolvendo na nossa frente, de pequenos bits se levantando a gráficos complexos e a proximidade de algo gerado por computador a um ser humano e como nos apegamos a isso de maneira intensa, colidindo seus aspectos emotivos e cerebrais.

Anti-, 03/09

30. Neko Case — The Worse Things Get, the Harder I Fight, the Harder I Fight, the More I Love You (Indie Rock)

Faixa essencial: Man

Um álbum que soa expansivo em seu objetivo de seguir em frente diante de adversidades — começando na tristeza paralisadora, Neko Case luta de volta e intensifica sua música num misto agridoce de depressão e superação — com influências country menos visíveis, Case se mostra como uma força única em composições e vocais.

Interscope, 03/09

29. Natalia Kills — Trouble (Electropop)

Faixa essencial: Controversy

Refinando o pop obscuro apresentado no seu álbum de estreia, ‘Trouble” é um trabalho consistente e coerente, ainda que variado sonoramente — juntando toda a capacidade melodramática de Kills e misturando-a com canções agressivas, angustiadas e intensas, nós temos um álbum que empurra o Electropop para áreas instigantes e que soa sempre a beira de um breakdown mental.

Raven Marchin Band, 20/08

28. Laura Veirs — Warp and Weft (Americana, Chamber Folk)

Faixa essencial: Sun Song

Mergulhando de cabeça na sonoridade country que permeava seus álbuns anteriores, Veirs cria um trabalho pristino e ensolarado, que é provavelmente o seu ápice — com composições coloridas e arranjos inventivos, a cantautora desliza naturalmente através das canções efusivas e levemente agridoces.

Rune Grammofon, 19/04

27. Jenny Hval — Innocence Is Kinky (Experimental Rock, Avant-Folk)

Faixa essencial: Innocence Is Kinky

Tem uma produção mais afiada e macabra, divisando bem a essência do seu trabalho — parece vir de um local de intensidade, mas Hval nunca deixa isso transparecer — seus vocais arranham e se impõem, mas sempre soam distantes e elusivos em relação ao que cantam e os arranjos obscuros ajudam a aumentar essa aura de indiferença macabra.

Self-Released, 22/01

26. Torres — Torres (Indie Rock)

Faixa essencial: Chains

Lançado independentemente, a estreia de Torres contém o poder de um álbum de uma artista já experiente no gênero — obscuro e amargo na dose certa, a cantora canaliza seus pesadelos e dores em um indie rock que queima lentamente, construindo canções dinâmicas com um vocal multi-dimensional e intenso.

Bad Boy, 10/09

25. Janelle Monáe — The Electric Lady (Contemporary R&B, Art Pop)

Faixa essencial: Q.U.E.E.N.

Uma abordagem mais convencional e menos psicodélica que seu predecessor, mas faz sentido ao considerá-lo como um prelúdio a “The ArchAndroid” — ainda assim temos canções inegáveis com uma produção funk deliciosa e um senso de melodia impecável embalados em um conceito que flui naturalmente.

XL, 14/06

24. Sigur Rós — Kveikur (Art Rock)

Faixa essencial: Isjáki

Tornando seu som mais obscuro, a banda acopla influências proeminentes da música industrial e se distancia um pouco do seu post-rock, no entanto ainda consegue traduzir a sua essência épica e encapsulante com maestria através da sonoridade atualizada, com seu tom alienígena energizado por outros elementos.

YOY, 09/09

23. V V Brown — Samson & Delilah (Art Pop, Electropop)

Faixa essencial: Nothing Really Matters

Numa das reviravoltas mais corajosas da música pop, VV Brown largou o pop soul do seu álbum de estreia e mergulhou de cabeça numa sonoridade mais obscura — seus vocais se tornaram mais operáticos e evocativos, a produção se tornou agressiva com influências do darkwave da música industrial e as composições esparsas completam “Samson & Delilah” como um álbum estonteante.

On Repeat, 05/05

22. Little Boots — Nocturnes (Dance-Pop, Nu-Disco)

Faixa essencial: Motorway

Problemas com a gravadora não impediram Little Boots de lançar um incrível álbum de dance-pop, se distanciando do electropop de “Hands” se aventurando em uma sonoridade mais dance, as canções em “Nocturnes” variam entre o sentimento contagioso da música disco acoplada a euforia noturna da House, criando um álbum elusivo e intoxicante.

Dead Oceans, 20/08

21. Julianna Barwick — Nepenthe (Ambient)

Faixa essencial: One Half

Se baseia numa sonoridade mais melódica que o seu antecessor — usa menos loops e permite-se até um trecho de letra ecoar em uma de suas canções, mas o estado de hipnose profunda e o tom soporífico ainda permanece nas vocalizações disformes e na atmosfera fina e flutuante, como se num sonho que se divide da realidade por uma camada fina, mas impenetrável.

Virgin, 23/09

20. CHVRCHES — The Bones of What You Believe (Synthpop, Electropop)

Faixa essencial: Recover

Com uma produção que balanceia bem o som cristalino do synthpop oitentista e o fuzz agressivo do electropop moderno, composições sólidas com ganchos inegáveis e a intensidade eufórica embebida nos vocais de Mayberry, CHVRCHES estreia com o pé direito, se destacando em uma sonoridade já bem populada.

Fueled by Ramen, 09/05

19. Paramore — Paramore (Power Pop)

Faixa essencial: Last Hope

Um ponto de extrema importância para a banda — depois da saída de dois membros e descreditada na nova década, Paramore prova sua força e resistência como banda com 17 faixas que demonstram todos seus pontos fortes e mostra sua versatilidade, mas mais importante, sua capacidade de composição pristina e entrega intensa.

Mercury, 19/03

18. Kacey Musgraves — Same Trailer, Different Park (Contemporary Country)

Faixa essencial: Merry Go Round

Um álbum elevado por suas melodias simples, mas completamente cativantes, cristalinas e envolventes — as composições de Musgraves encontram intensidade e poder de permanência em versos trabalhados de maneira brilhante e vocais embebidos de uma textura ensolarada, mas pungente.

Oak Ten, 25/02

17. Keaton Henson — Birthdays (Indie Folk)

Faixa essencial: You

Um dos álbuns mais miseráveis emocionalmente que já ouvi — toda nota tocada por Keaton é embebida de uma melancolia extrema e todas as canções soam frágeis ao ponto de quebrar, mesmo quando a instrumentação fica mais intensa, tudo parece um bibelô de porcelana melancólico como na capa e dessa forma cria uma atmosfera cativante.

Hyperdub, 10/09

16. Jessy Lanza — Pull My Hair Back (Alternative R&B, Synthpop)

Faixa essencial: Keep Moving

Jessy Lanza e sua voz vítrea carregam um álbum impecavelmente produzido — Pull My Hair Back pode soar indistinto de primeira, mas preste atenção nos detalhes da produção contida nele, em todos os detalhes intricados e em sincronia, que permitem-o tornar uma experiência cativante, borrando a linha entre o sensual e o melancólico.

Brille, 08/05

15. The Knife — Shaking the Habitual (Experimental Electronic)

Faixa essencial: Full of Fire

O álbum que corou The Knife como um dos atos mais importantes do nosso século — uma odisseia da música experimental que vagueia por diferentes sonoridades entre a intensidade do industrial techno ao tom esparso maligno do dark ambient, enquanto os energiza com um tom político cortante que deixa ‘Shaking the Habitual’ desconcertante e relevante.

To whom it may concern, 13/08

14. iamamiwhoami — bounty (Art Pop, Electropop)

Faixa essencial: y

A coleção de singles que deu início ao projeto é obviamente um dos melhores álbuns do ano — mais evocativo e místico que “kin”, as canções aqui ainda possuem aquele tom de mistério e elusividade, que combinam com os vídeos mais centrados na natureza — a combinação entre a eterealidade provida pelos vocais e a efusividade do electropop seriam a marca registrada da artista é divisada em seu estágio inicial aqui.

4AD, 18/03

13. Daughter — If You Leave (Dream Pop)

Faixa essencial: Smother

Polindo o som folk mais homemade do seus EPs, Daughter criou um dos álbuns mais encapsulantes do dream pop dessa década — Tonra e sua voz eternamente melancólica, as guitarras post-rock e o sentimento de tristeza que inunda o álbum faz com que suas canções transbordem uma para as outras e criam uma sonoridade coesa e pungente.

Virgin, 27/05

12. Laura Marling — Once I Was an Eagle (Contemporary Folk)

Faixa essencial: Devil’s Resting Place

A mudança no seu estilo de composição e entrega é muito bem-vinda — adquirindo um tom mais verborrágico nas suas composições e uma forma de cantar mais intensa ao mesmo tempo que story-teller, “Once I Was an Eagle” representa uma maturação para Marling e flui de maneira impecável — sua primeira metade é uma obra-prima do folk

Polydor, 04/03

11. Rhye — Woman (Sophisti-Pop, Smooth Soul)

Faixa essencial: Open

O álbum de estreia do Rhye não modificou alguma estrutura do seu gênero — discreto, rápido, frágil, agridoce, meio solitário e efêmeramente delicioso. A estética exuberante do R&B combinada com a produção melancólica e os vocais andróginos fazem de “Woman” um álbum forte, mas sutil. Uma viagem por diferentes gamas de paixões, mas com melodias sempre suaves, como um sussurro no ouvido.

twosyllable, 25/06

10. Candy Claws — Ceres & Calypso in the Deep Time (Shoegaze, Neo-Psychedelia)

Faixa essencial: Into the Deep Time (One Sun)

Claustrofobia tropical. Com uma masterização brilhante, de maneira comprimida e distorcida para intensificar a densidade e aumentar a surrealidade da sua atmosfera e colocar o ouvinte no meio do labirinto que é a floresta úmida e tropical aonde a história do álbum se passa — história também borrada com o passar do álbum, que se torna um sonho lembrado pela metade, “Ceres & Calypso” é um dos álbuns de shoegaze mais instigantes e criativos da década.

Sacred Bones, 13/05

09. Pharmakon — Abandon (Death Industrial)

Faixa essencial: Milkweed / It Hangs Heavy

Gutural e repulsivo — “Abandon” é música industrial em uma das suas formas mais intensas — os guinchos de Margaret ecoam juntos de uma noise wall disforme e aterrorizante e os soluços de terror soam em coro com os barulhos rasgantes, causando sensações ininterruptas de dor através do meio sonoro — música sensorial e miserável.

08. Lorde — Pure Heroine (Art Pop, Synthpop)

Faixa essencial: A World Alone

Em seu álbum de estreia, Lorde foi capaz de condensar todas as angústias de uma adolescente suburbana de maneira precisa e sincera — aquele ponto perfeito entre composições cheias de pessoalidades específicas que consegue se tornar identificável mesmo assim, acoplado com uma produção minimalista e cinza, que se encaixa na mistura de apatia e desespero adolescente.

XL, 14/05

07. Vampire Weekend — Modern Vampires of the City (Indie Pop, Art Pop)

Faixa essencial: Ya Hey

Pega a fórmula do “Contra”, de um álbum pop com melodias criadas de maneira cirúrgica para soarem tão acessíveis quanto cerebrais, só que retira o tom ensolarado das suas influências e se trabalha com um material mais melancólico e introspectivo, com doses mais obscuras de sarcasmo, mas sem perder o tato fantástico para suas composições imaculadas.

Kranky, 14/10

06. Tim Hecker — Virgins (Ambient, Drone)

Faixa essencial: Live Room

Se o álbum anterior de Hecker mostrava um certo desespero na decadência, “Virgins” demonstra uma atmosfera embebida de um terror mais puro e cru — o medo instintivo e gutural, do escuro, de vultos, de barulhos estranhos vindo de locais aonde você não consegue identificar — aquele sentimento de ameaça constante e eminente que te deixa em estado de alerta, mesmo que desarmado e incapaz.

Capitol, 29/10

05. Sky Ferreira — Night Time, My Time (Synthpop, Noise Pop)

Faixa essencial: Boys

Capta o ponto convergente perfeito entre a cultura noventista e a cultura dos anos 2010s — misturando a angústia do grunge e misturando com o imediatismo atual, fazendo uma mistura inigualável entre um synthpop cristalino imerso em camadas de noise e feedback — um resumo perfeito da sua própria geração.

Speedstar Int’l, 23/10

04. 青葉市子 — 0 (Contemporary Folk)

Faixa essencial: いりぐちでぐち

Não existem muitas palavras para descrever “0” — mas quando um álbum consegue conjurar e evocar imagens tão exuberantes, tão complexas, mas ao mesmo tempo pacíficas e cristalinas de uma forma magnífica como ele consegue, não há muito o que falar mesmo. Melodias acústicas e melodias vocais tão pristinas e brilhantes acopladas a algumas field recordings criam um estado de sono profundo aonde o seu sonho é populado por uma brisa leve e raios leves de sol, aonde você não consegue distinguir faces ou formas específicas, mas ainda assim se sentir absolutamente confortável enquanto sua pele percebe o calor e o aconchego do sonho. Único em sua absoluta maestria em compor canções tão surreais, mágicas e hipnotizantes com a pura simplicidade de uma voz e violão.

Sargent House, 03/09

03. Chelsea Wolfe — Pain Is Beauty (Darkwave, Ethereal Wave)

Faixa essencial: The Waves Have Come

Em “Pain Is Beauty”, Wolfe refina o seu som através de uma visão mais concisa e direta — transformando seu rock gótico em um darkwave gélido pela inclusão de uma produção mais eletrônica, com vocalizações etéreas em uma abordagem mais atmosférica que nunca, “Pain Is Beauty” traz um tom mais distante para a música de Wolfe, mais presente em uma dimensão onírica congelada, com soundscapes mais exuberantemente obscuras que a floresta úmida dos seus álbuns anteriores, trazendo consigo composições mais complexas que favorecem a atmosfera encapsulante.

Domino, 20/08

02. Julia Holter — Loud City Song (Art Pop, Ambient Pop)

Faixa essencial: Horns Surrounding Me

Embebido num tom urbano-surrealista, “Loud City Song” é um dos álbuns mais evocativos que já ouvi — cada nota tocada, cada elemento, cada vocalização, cada efeito e instrumentos estão em sincronia perfeita, evocando imagens de solitude, caos e paranoia presentes em uma cidade grande sob um véu de apatia surreal que o transforma numa experiência única e estranhamente intensa — Holter foi capaz de alcançar um balanço impecável entre o experimentalismo abstrato e uma acessibilidade confortável, submergindo o ouvinte em uma aventura aparentemente simples, mas que viaja e transiciona por uma miríade de estímulos sensoriais e é ainda capaz de manter uma linearidade conceitual envolvente.

Mute, 09/09

01. Goldfrapp — Tales of Us (Art Pop, Chamber Folk)

Faixa essencial: Annabel

Tão absurdamente perfeito que chega a ser injusto — a atmosfera contida aqui é capaz de penetrar profundamente na minha alma e me retirar completamente da realidade — tudo soa alinhado e calibrado para favorecer ao máximo essa camada de sonho que desliza entre vários estados, entre o calmo e enevoado, a um sonho lúcido a um pesadelo mais intenso — cada música é uma entidade separada, aonde Alison assume uma personalidade e abordagem diferente, de maneira sutil, mas pungente e extremamente cativante — ela consegue incorporar todas as dores, angústias, melancolias e com a maestria de uma atriz consegue externar tudo que se passa na vida desses personagens atormentados. Tudo no álbum colabora para essa atmosfera cinematográfica — a produção soturna que pincela tons noir nas canções, a masterização dinâmica que sabe combinar os volumes dos instrumentos e intensificar o suspense embebidos nelas, criando uma aura impecável de um filme, com introdução, clímax e conclusão divisados de uma maneira embasbacante. A combinação natural do orgânico com o eletrônico, que ajuda a deslizar o tom de surrealidade neblinada ao palpável de maneira sutil. As letras que adotam um estilo storyteller para explicitar sua narrativa de maneira compressível, mas que mescla esse estilo com composições e passagens mais enigmáticas, para deixar a trama pairando no ar e injetando-as uma dose deliciosa de subjetividade. E para além disso tudo, “Tales of Us” é música que excita, que cativa e que te transporta para dentro das imagens que evocam, ativando uma parte do seu cérebro que o faz analisar cada um dos seus detalhes, mesmo com a sua atmosfera soturna e aparentemente discreta — é música viva, que não só tem algo para dizer, mas sim algo para você ver e sentir — uma amalgama de tudo que me faz gostar de música e uma escolha perfeita para meu álbum favorito.

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