“One morning this sadness will fossilize, and I will forget how to cry”: Favoritos de 2016

Marcus Vinicius
19 min readSep 18, 2019

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2016 teve a dura tarefa de seguir a excelência de 2015 e embora teve sua boa dose de álbuns icônicos, acaba ficando como um dos anos mais fracos da década — no entanto, teve seus momentos emblemáticos, tanto no pop com o pico de Beyoncé e Rihanna, quanto o adeus de artistas como Bowie e Cohen, mas num geral parece mais como um ano em que as coisas tomaram um curso mais normal, com diversos álbuns ótimos e alguns que mexeram comigo emocionalmente, mas sem as extravagâncias do ano anterior.

Melankolic, 28/01

10. Massive Attack — Ritual Spirit (Trip Hop)

Faixa essencial: Voodoo in My Blood

PC Music, 21/10

09. Felicita — A New Family (Bubblegum Bass, Deconstructed Club)

Faixa essencial: A New Family

Black Box, 18/11

08. Bridgit Mendler — Nemesis (Alternative R&B)

Faixa essencial: Atlantis

Island, 12/08

07. Florence + the Machine — Songs from Final Fantasy XV (Art Pop)

Faixa essencial: Too Much Is Never Enough

Self-Released, 17/11

06. Bad Gyal — Slow Wine (Reggaeton)

Faixa essencial: D Way You Do Me

Self-Released, 04/07

05. Arca — Entrañas (Deconstructed Club)

Faixa essencial: Baby Doll

True Panther, 08/07

04. Kelsey Lu — Church (Chamber Folk, Art Pop)

Faixa essencial: Dreams

True Panther, 20/08

03. Abra — Princess (Alternative R&B, Synthpop)

Faixa essencial: Crybaby

604, 26/08

02. Carly Rae Jepsen — E•MO•TION: Side B (Synthpop, Dance-Pop)

Faixa essencial: Higher

Vroom Vroom, 26/02

01. Charli XCX — Vroom Vroom (Bubblegum Bass)

Faixa essencial: Vroom Vroom

OS 50 MELHORES ÁLBUNS:

Rinse, 22/04

50. Katy B — Honey (Dance-Pop, UK Bass)

Faixa essencial: Dark Delirium

Trabalhando com produtores e colaboradores diferentes em cada faixa, “Honey” talvez não seja tão conciso e coeso como seus trabalhos anteriores, mas acima de tudo demonstra um comprometimento com a música dance, com produções que soam mais centradas nesse aspecto ainda que mantenham sua essência pop.

Westbury Road, 28/01

49. Rihanna — ANTI (Alternative R&B)

Faixa essencial: Consideration

Uma reinvenção própria, “ANTI” vê Rihanna tomando um passo corajoso na sua carreira ao tomar como prioridade a criação de um álbum como uma experiência própria ao invés do seu modus operandi focado em singles anteriormente — o resultado é um álbum mais íntimo e com texturas mais similares, que carregam sua atitude inigualável.

48. M83 — Junk (Synthpop, Sophisti-Pop)

Faixa essencial: Walkaway Blues

Anthony Gonzalez olha o revivalismo oitentista por uma faceta interessante — não tenta tirar a camada “brega” da década, se entrega de corpo e alma ao gloss da época, com power ballads melosas, solos de guitarra plásticos e sintetizadores datados — o ponto crucial do álbum é que ele soa completamente sincero ao fazê-lo.

Island, 15/04

47. PJ Harvey — The Hope Six Demolition Project (Art Rock)

Faixa essencial: The Wheel

Continuando o tom político de seu antecessor, “The Hope Six” apresenta um ângulo mais passivo ao ouvinte — o álbum nos descreve as mazelas do mundo vistas pelo olho de PJ, mas de maneira desesperançosa e nos fazendo sentirmos impotentes, dessa forma nos atinge de maneira menos contundente, mas ainda instigante.

Stereomono, 06/05

46. — Mahmundi — Mahmundi (Sophisti-Pop, Synthpop)

Faixa essencial: Desaguar

Um dos auges do pop brasileiro dessa década — simplesmente música pura e feliz —canções ensolaradas, com uma atmosfera simples e tranquila, com letras despretensiosas e uma interpretação sincera, que mesmo em momentos mais melancólicos não deixa o sol ser ofuscado.

History Always Favours The Winners, 22/09

45. The Caretaker — Everywhere at the End of Time — Stage 1 (Ambient, Turntable Music)

O primeiro estágio do projeto que seria uma das melhores experiências da década — as samples quase inalteradas, mas a leve distorção já pontua a melancolia natural delas e representa perfeitamente o leve desbotamento das memórias — o efeito devastador é amplificado quando sabemos o que veio depois dele.

Modern Love, 22/04

44. Andy Stott — Too Many Voices (UK Bass)

Faixa essencial: New Romantic

Provavelmente o mais terreno de Stott — deixa um pouco o etéreo e surreal dos seus álbuns anteriores e se encontra numa sonoridade influenciada por locais mais familiares, discorrendo sobre diversos gêneros eletrônicos pelo caminho, ao mesmo tempo que consegue se manter indubitavelmente Andy Stott.

Dead Oceans, 06/05

43. Julianna Barwick — Will (Ambient)

Faixa essencial: Nebula

Para “Will”, Barwick adiciona mais elementos da música eletrônica, além de vocalizações mais encorpadas e obscuras. Se “Nepenthe” foi um álbum bem cintilante, “Will” traz uma abordagem mais desbotada e mais melancólica — talvez um pouco menos memorável, mas um álbum que sabe quebrar levemente sua estrutura com elementos sutis.

XL, 08/05

42. Radiohead — A Moon Shaped Pool (Art Pop)

Faixa essencial: Daydreaming

O álbum da banda que tem a sonoridade mais suave, mas também o mais devastador — a influência maior de ambient pontua bem as melodias soturnas e solitárias das canções esparsas e amplificam o poder das composições e da voz arrastada de Yhorke, me atingindo emocionalmente de uma forma diferente que os trabalhos anteriores da banda.

Posh Isolation, 25/03

41. Puce Mary — The Spiral (Death Industrial)

Faixa essencial: The Spiral

Subvertendo o noise, não simplesmente grita sua catarse de maneira visceral, mas cria uma atmosfera ameaçadora, mas ao mesmo tempo frágil em seu próprio desespero — não há exatamente uma catarse, apenas tensão e restrição, apenas segurar a sua angústia e isso é representado perfeitamente pelas texturas aterrorizantes, mas nunca agressivas.

One Little Indian, 27/05

40. Olga Bell — Tempo (Glitch Pop)

Faixa essencial: Power User

A música presente aqui é sem dúvidas nenhuma, dançante, feita para clubes — mas o foco parece ser mais uma observação desses ambientes por um espectador alheio, como observar de fora esses ambientes cheios de energia. A produção pulsante, os synths dinâmicos acompanhados de um vocal mecânico, criam a atmosfera repetitiva da pista de dança, mas com a pitada de introversão e estranheza necessária.

Speedstar Intl’, 19/10

39. 青葉市子 — マホロボシヤ

Faixa essencial: マホロボシヤ

Não tão monumental quanto “0” — mas ainda assim é hipnotizante com sua música folk minimalista e a sutil adição de pianos que dá um tom de melancolia diferente a música de Ichiko — seus vocais como sempre cristalinos acompanham a solidão mais estática com uma pequena injeção de surrealidade.

Pataca, 23/09

38. Bruno Pernadas — Those Who Throw Objects at the Crocodiles Will Be Asked to Retrieve Them (Progressive Pop)

Faixa essencial: Spaceway 70

Talvez o trabalho diretamente inspirado pelo Stereolab mais bem sucedido — um tipo de psicodelia inovadora e cheia de pequenos momentos intricados que só servem para adicionar a sua elusiva atmosfera tropical-surrealista, pincelados com a efervescência do jazz.

Gloriette, 10/06

37. Nite Jewel — Liquid Cool (Synthpop)

Faixa essencial: Kiss the Screen

Gélido e sensual de uma forma distante, “Liquid Cool” mistura o synthpop com dream pop de uma forma quase alienígena, soando retrô, mas totalmente imersa no presente. Os vocais e os synths empoeirados fazem com que o álbum tome um tom anônimo, como se um ser de outra dimensão estivesse cantando essas melodias dançantes e gélidas, fazendo-o também soar como uma pista de dança numa nave espacial.

Svart, 11/11

36. Trees of Eternity — Hour of the Nightingale (Doom Metal)

Faixa essencial: My Requiem

Um álbum aonde a atmosfera lúgubre e arrastada do Doom Metal consegue se manter contundente e arrasadora por toda a sua duração — os vocais etéreos contribuem para que os riffs atmosféricos soem mais multi-dimensionais e dão a canções aqui presente um tom de familiaridade confortável ao mesmo tempo que devastadora.

Cascine, 27/05

35. Maria Usbeck — Amparo (Art Pop)

Faixa essencial: Isla magica

Com seu tom morno, transmite um sentimento de retorno ao lar e nostalgia. O álbum é exuberante em suas características e a voz frágil de Usbeck caminha pelas melodias delicadas de suas canções. Instrumentos típicos da música folk dos Andes são frequentes, mas são adicionados de forma discreta, fazendo-os acoplar naturalmente nas composições e não numa tentativa explicita de dar um tom “exótico” ao álbum.

Tendril Tales, 04/11

34. Hope Sandoval & the Warm Inventions — Until the Hunter (Dream Pop)

Faixa essencial: Into the Trees

Num template aparentemente similar aos seus trabalhos anteriores, Sandoval injeta diferentes tons ao seu dream pop — influências maiores de ambient, uma psicodelia leve, pinceladas de country, um tom mais gótico-etéreo, “Until the Hunter” é um álbum variado que ainda se mantém deliciosamente familiar.

Saint, 30/09

33. Solange — A Seat at the Table (Neo-Soul)

Faixa essencial: Cranes in the Sky

Numa afirmação mais suave, mas não menos imponente, que o álbum da sua irmã, “A Seat at the Table” é outro álbum que olha para as questões raciais por um filtro pessoal, canalizando tais temas sob um prisma único que o faz desdobrar de maneira mais natural e sensível — de maneira graciosa e emotiva, Solange deixa a sua marca com esse álbum.

Columbia, 21/10

32. Leonard Cohen — You Want It Darker (Chamber Folk)

Faixa essencial: You Want It Darker

Para o seu álbum final, Cohen apaga as luzes e torna sua música o mais esparsa possível — sua voz ecoante, os arranjos de cordas minimalistas dando tons solitários as canções que decidem não focar tanto na sua melodia, mas no seu impacto como uma poesia auto-consciente sobre seu destino.

Virgin EMI, 27/05

31. Clare Maguire — Stranger Things Have Happened (Pop Soul, Piano Rock)

Faixa essencial: Swimming

O álbum de uma artista que finalmente encontrou sua voz, encontrou seu local na música e tomou a frente de sua sonoridade e soa confortável em enfrentar e liberar seus demônios em suas canções. Clare aborda suas músicas de uma maneira crua, pessoal, soando mais confiante e confortável, num tom cinza e introspectivo, mas ainda assim musicalmente diverso.

Polyvinyl, 16/04

30. Xiu Xiu — Plays the Music of Twin Peaks (Experimental Rock)

Faixa essencial: Into the Night

Não existe banda que melhor captura a essência da série para realizar esse projeto que Xiu Xiu — distorcem a elusividade etérea das composições originais para algo diretamente infernal e aterrorizador, servindo como contraponto e a versão “Black Lodge” da trilha sonora

Warp, 30/09

29. Danny Brown — Atrocity Exhibition (Experimental Hip Hop)

Faixa essencial: Ain’t It Funny

Provavelmente o álbum de hip hop mais bem sucedido em criar uma atmosfera específica e mantê-la por toda sua duração — num tom realmente maníaco, o álbum nos passa essa sensação de paranoia intensa que o mesmo promete através da produção influenciada pela música gótica e os vocais maníacos de Brown.

Self-Released, 12/02

28. The Jezabels — Synthia (Art Pop)

Faixa essencial: Stand and Deliver

Da produção extremamente polida, os vocais estrondosos até as letras espalhafatosas, tudo em “Synthia” soa “demais” para ouvidas casuais, e talvez possa soar até cansativo em certos momentos, mas é nesse ato de constantemente se transbordar é aonde ele enche nossos ouvidos e se torna marcante de sua própria maneira.

Sargent House, 30/09

27. Emma Ruth Rundle — Marked for Death (Dream Pop)

Faixa essencial: Marked for Death

Emma Ruth Rundle casa de forma especial a fragilidade e a agressividade, soando como uma borboleta tentando se livrar de seu casulo e todo o álbum é carregado por esse tom ‘libertador’. Com uma essência que deve ao folk abordada de forma mais nebulosa e cinza, com passagens carregadas e pesadas acompanhadas de uma delicadeza melancólica.

Talitres, 10/06

26. Emily Jane White — They Moved in Shadow All Together (Chamber Folk)

Faixa essencial: Frozen Garden

Com suas melodias etéreas e uma instrumentação mais encorpada, Emily Jane soa mais próxima de uma versão folk dos Cocteau Twins — superficialmente pode parecer focado na melancolia, mas suas interpretações das canções e o tom do álbum num geral soam muito mais desafiadores, todos os elementos são usados de uma forma contundente e intensa, seja na interpretação ou na percussão mais proeminente.

Decca, 11/03

25. AURORA — All My Demons Greeting Me as a Friend (Art Pop)

Faixa essencial: Murder Song

Um álbum que contém todas as inseguranças e sentimento de liberdade que o álbum de estréia de alguém jovem deveria ter — balanceando sua melancolia escandinava com um otimismo místico, Aurora esboça para si mesmo a base da sua sonoridade confortável e discorre sobre esse balanço frágil num álbum simples, mas marcante.

Thrill Jockey, 19/02

24. Matmos — Ultimate Care II (IDM, Musique concréte)

Se baseia completamente no artificio de ser completamente composto de sons de uma máquina de lavar e leva esse conceito a níveis melódicos completamente recompensadores — um álbum dance que é tão experimental, como completamente acessível e diria até que pegajoso — a remixagem dos sons da máquina se transformam em estruturas coloridas e cativantes que te prendem como qualquer boa música dance.

Anti-, 17/06

23. case/lang/veirs — case/lang/veirs (Chamber Folk)

1 Down I-5

As composições afiadas de Case, o bucolismo sonhador de Veirs e o melodrama noturno de Lang se convergem para criar uma identidade própria — um álbum colaborativo em sua forma mais ideal para um álbum colaborativo — as influências de cada uma são facilmente identificáveis, mas todas soam confortáveis na zona de conforto uma da outra, criando algo sensível e cativante.

Domino, 06/05

22. White Lung — Paradise (Punk Rock)

Faixa essencial: Hungry

Para muitas bandas punk, se tornar mais melódico pode ser uma direção errada, mas não para “White Lung”, que soa renovado com canções mais estruturadas e menos imediatas, os vocais venenosos encontram um novo ângulo nas melodias melancólicas e conseguem explorar ainda mais seu lado perverso e injeta uma intensidade ainda maior na sonoridade da banda.

Self-Released, 24/08

21. Carne Doce — Princesa (Indie Rock. Psychedelic Rock)

Faixa essencial: Artemísia

Um daqueles álbuns que são uma evolução clara do seu antecessor — se o indie rock psicodélico da banda foi delineado lá, aqui ele é levado de forma mais ambiciosa, com objetivos, estética e sonoridade definidos — “Princesa” é confiante em sua entrega e cristaliza todos os elementos do seu antecessor de uma maneira melhor ainda.

Slap, 25/03

20. Céu — Tropix (Art Pop)

Faixa essencial: Varanda Suspensa

Adicionando mais uma faceta a sua MPB cristalina, Céu faz uso dos sintetizadores parar criar um trabalho polido e direto em sua essência pop, contendo uns momentos até mesmo maximalistas, mas a sutilidade é a arma da cantora e ela faz esses leves revestimentos do seu novo som de maneira discreta, mas memorável e cativante, embalando suas composições num papel de presente brilhante.

Columbia, 22/01

19. Chairlift — Moth (Synthpop)

Faixa essencial: Crying in Public

Delicioso, extremamente doce, mas com tons de azedo como um milkshake de morango, “Moth”, terceiro álbum do Chairlift apresenta uma transição muito bem executada da sonoridade mais “indie” dos álbuns anteriores para a mais pop. Um álbum bem sucedido e sustentado pela delicadeza da composição e o colorido da produção que interagem entre si de maneira impecável.

PIAS, 08/06

18. Róisín Murphy — Take Her Up to Monto (Art Pop, Glitch Pop)

Faixa essencial: Mastermind

Róisín continua sua desconstrução da música dance, usando os seus gêneros para fazer canções discretas, mais experimentais e misteriosas — algo meticulosamente trabalhado, mostrando sua capacidade para criar uma sonoridade interessante com a mistura de tantas influências, e conseguir ser, também, cativantemente pop com suas experimentações bem sucedidas

RCA, 04/11

17. Tinashe — Nightride (Alternative R&B)

Faixa essencial: Soul Glitch

A cristalização do Trap-R&B que é um dos gêneros-chave dessa década e o trabalho mais coeso da artista — as melodias vocais suaves de Tinashe complementam as músicas mais atmosféricas que se derretem uma para dentro da outra na criação de algo intoxicantemente sensual, com um magnetismo presente em qualquer artista que saiba lidar com o R&B.

Self-Released, 25/05

16. Metá Metá — MM3 (Jazz-Rock, Vanguarda Paulista)

Faixa essencial: Três Amigos

Usando as estruturas tradicionais do rock e as vertendo e aproveitando em canções que aliam sua herança cultural africana, a uma performance tipicamente urbana. Transcende barreiras ou rótulos, fazendo música que ao mesmo tempo soa acessível, soa desafiadora, com produção e interpretação que não deixa em nenhum momento ofuscar a beleza exuberantemente bruta dessas canções.

Indie, 08/04

15. Cult of Luna & Julie Christmas — Mariner (Atmospheric Sludge Metal)

Faixa essencial: Cygnus

Uma das vocalistas mais angulares do metal se junta com uma das bandas mais interessantes do gênero e cria um álbum hipnotizante ao mesmo tempo que esmagador — o contraste dos vocais com a produção funciona de maneira surpreendente ao criar uma atmosfera desconcertantemente intensa.

Deathwish, 30/09

14. Oathbreaker — Rheia (Blackgaze)

Faixa essencial: Second Son of R.

Um álbum coeso e bem estruturado, “Rheia” injeta personalidade e diversidade na fórmula do “Blackgaze”, soando dinâmico e substancial e imergindo o ouvinte em seu mundo — justapondo elementos gelados, atmosféricos e etéreos ao lado de lamentos furiosos e malignos gritos cortantes acompanhados de uma bateria incessante eguitarras agressivas.

Parkwood, 23/04

13. Beyoncé — Lemonade (Contemporary R&B)

Faixa essencial: Love Drought

Julgar “Lemonade” como um álbum representativo dos problemas sociais e raciais dos Estados Unidos é desonesto, ele representa uma mulher forte enfrentando adversidades em frente a turbulências matrimoniais e emocionais, assim como o fato dela estar assumindo sua identidade e uma posição mais contundente sobre isso, e nesse quesito é um álbum extremamente bem sucedido em todos os níveis.

Cumbancha, 23/09

12. Luísa Maita — Fio da Memória (Art Pop, Indietronica)

Faixa essencial: Porão

A voz suave de Maita vagueia discretamente através da produção elegante, sensual e exuberante, misturando gêneros como MPB com o downtempo, criando uma atmosfera escura, enigmática e atraente, como a de um quarto escuro com apenas uma luz roxa ligada. Nunca implora por sua atenção, mas também nunca se deixa cair completamente como música de fundo, tornando-o uma experiência extremamente recompensadora

Sacred Bones, 30/09

11. Jenny Hval — Blood Bitch (Art Pop, Ambient Pop)

Faixa essencial: Conceptual Romance

Enquanto seu álbum anterior soava mais como várias ideias disparadas sem pensar e num fluxo constante, “Blood Bitch” soa mais focado, mais conciso, suas experimentações provocantes e desconfortáveis soam mais planejadas. Ao invés de soar como estivesse falando da sua vida sexual na mesa de jantar em família, Hval soa como alguém apresentando sua vida sexual como tema de sua tese de mestrado.

Hyperdub, 13/05

10. Jessy Lanza — Oh No (Synthpop, UK Bass)

Faixa essencial: V V Violence

Pega a produção intricada do seu álbum de estréia e a eleva com influências enraizadas no maximalismo oitentista, mas com uma estética minimalista quase alienígena, soando completamente urbano e futurista — “Oh No” representa a riqueza de cores presente na vida urbana, o universo presente dentro de cada pessoa dentro de cada apartamento aparentemente cinza.

Mexican Summer, 21/10

09. Weyes Blood — Front Row Seat to Earth (Psychedelic Folk)

Faixa essencial: Used to Be

Cada canção aqui existe num mundo próprio,cada uma conta sua própria história épica, mas que são todas permeadas por uma sonoridade única que as permite transbordar umas nas outras —um álbum que soa tão apaixonado pelo passado e preso ao mesmo, que consegue soar epicamente futurista de maneira natural, como se suas referências modernas fizessem parte do passado.

Polydor, 08/06

08. Shura — Nothing’s Real (Synthpop, Dance-Pop)

Faixa essencial: What Happened to Us?

Mais um álbum revivalista oitentista que apresenta a sonoridade na sua melhor forma — Shura canaliza a euforia agridoce do synthpop através de seu olhar, compondo canções que são intensas tanto na sinceridade piegas quanto na sua sonoridade efusiva e sintetizadores cristalinos.

ISO, 08/01

07. David Bowie — ★ (Art Rock)

Faixa essencial:

Um álbum que vai além da música e entra num âmbito completamente pessoal — o último trabalho que representa perfeitamente a carreira do artista que encarou a morte como mais um desafio para sua arte e a usou como ferramenta para a criação de algo catártico e intenso, é a simbiose da vida e arte, uma sendo combustível para a outra — a contemplação do seu legado ao mesmo tempo que a falta de medo de empurrar limites até mesmo nos seus últimos momentos de vida.

Sacred Bones, 20/05

06. Marissa Nadler — Strangers (Contemporary Folk)

Faixa essencial: Katie I Know

Dando continuidade ao seu estilo de folk fantasmagórico, Marissa caminha em uma direção com uma estética e sonoridade mais próximo do gótico, com uma melancolia similar e composições ainda mais etéreas, com a ajuda da sutil inserção de guitarras em seu som. Em “Strangers”, Nadler cria um mundo próprio, que não te envolve completamente de primeira, mas se você deixar, quando menos esperar sua névoa obscura e densa já te absorveu por completo

Parlophone, 01/07

05. Bat for Lashes — The Bride (Art Pop)

Faixa essencial: In God’s House

Um álbum conceitual que se atém completamente a trama que pretende delinear — Khan consegue traduzir de maneira musicalmente coesa a trágica história da noiva que perde o marido a caminho do altar e que entra numa saga sobrenatural de auto-conhecimento — mesmo o foco sendo total na história apresentada, a artista ainda consegue canalizar seus próprios sentimentos através de interpretações multi-dimensionais e cativantes através da narrativa direta com a sonoridade esparsa e etérea.

4AD, 15/01

04. Daughter — Not to Disappear (Dream Pop)

Faixa essencial: New Ways

Um álbum desconfortável que se apresenta na forma de uma realidade que muitos preferem ignorar — o catatonismo de uma pessoa deprimida, “Not to Disappear” representa perfeitamente as dificuldades da convivência com a depressão no dia-a-dia e como esse processo pode ser complicado para todos ao seu redor — e sua escolha por representar isso através de um dream pop letárgico e esparso só torna “Not to Disappear” um grande e pessoal vazio.

Double Denim, 21/10

03. Kero Kero Bonito — Bonito Generation (Electropop)

Faixa essencial: Picture This

É interessante perceber a dualidade desse álbum — temos seu lado superficial, sendo um pop feliz feito por pessoas que amam a música pop e querem produzir algo criativo ao mesmo tempo que pegajoso, mas ao analisarmos o álbum num geral sob uma faceta mais cínica, percebemos que existe uma camada de melancolia que permeia toda a sua duração, o entusiasmo de Sarah Bonito parece quebrável se olharmos mais profundamente para além de suas atestações divertidas — o álbum definitivo para esconder a sua depressão, crise existencial e desmoronamento emocional através de música pop chiclete.

Jajaguwar, 02/09

02. Angel Olsen — MY WOMAN (Indie Rock)

Faixa essencial: Woman

Com uma ambição maior que em seus álbuns anteriores, Angel Olsen amplifica o melodrama através de diversos elementos de muitas eras musicais — a voz empoeirada e melancólica remetendo a cantoras sessentistas, os refrões épicos do pop rock setentista, a polidez oitentista, o tom confessional noventista e a produção do indie rock moderno, fundindo todos esses elementos num trabalho que expande as suas facetas musicais e dá novos ângulos a sua voz perfurante e o seu senso de composição atemporal, tanto nas canções mais diretas da primeira metade quanto nas ruminações mais atmosféricas da segunda metade do álbum — “MY WOMAN” nos apresenta uma artista bem sucedida e bem articulada em todos os aspectos da sua música.

Dead Oceans, 17/06

01. Mitski — Puberty 2 (Indie Rock)

Faixa essencial: Your Best American Girl

Segue a tradição dos meus álbuns do ano serem os que mais me identifico emocionalmente durante o ano — em “Puberty 2”, Mitski consegue canalizar os sentimentos de apatia, insegurança e pressão social tão proeminentes e amplamente discutidos da “segunda puberdade”, os 25–29 anos, aonde a animação da primeira puberdade com sua inocência e planos para o futuro são esmagados pela dura realidade da vida adulta — Mitski pega essas temáticas constantes no indie rock e as apresenta sob um ponto de vista diferente e único a si mesma, com seus vocais apáticos e indiferentes, ela explode em canções repletas de solidão tanto nas suas letras existencialistas quanto nos tons de guitarras ora etéreos ora esmagadores — “Puberty 2” é uma das experiências e um dos álbuns de rock mais catárticos recentes, trazendo um fôlego novo ao gênero não de maneira bombástica e experimental, mas ao fazer algo relevante com elementos conhecidos, se encaixando como uma luva nas angústias dos jovens-adultos dessa década.

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