“No holy grail, just an empty cup”: Favoritos de 2017

Marcus Vinicius
18 min readOct 5, 2019

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O ano de 2017 foi interessante — lembro de muita gente descartando-o como um ano mais fraco, mas olhando para trás eu vejo diversos álbuns que não só são bons, mas que marcaram um ponto de referência nessa década — tanto no pop, no R&B e na música experimental — trabalhos interessantes por vários artistas que se desenvolveram no decorrer da década, assim como alguns álbuns de estreia extremamente promissores — apesar de tudo, 2017 acabou sendo um dos destaques da década.

TOP 10 EPS:

Self-Released, 05/06

10. Luli — Deserto (Ambient Pop)

Faixa essencial: Nunca Mais

Banana Culture, 10/04

09. EXID — Eclipse (K-Pop)

Faixa essencial: 낮보다는 밤

Godmode, 03/11

08. Yaeji — EP2 (Ambient House, Ambient Pop)

Faixa essencial: Raingurl

Chess Club, 26/10

07. MØ — When I Was Young (Electropop)

Faixa essencial: When I Was Young

Self-Releaed, 06/03

06. La Favi — Reir & Llorar (Reggaeton)

Faixa essencial: Tu y yo

PC Music, 19/05

05. Danny L Harle — 1UL EP (Bubblegum Bass, Electropop)

Faixa essencial: Me4U

Blackest Ever Black, 06/10

04. Carla dal Forno — The Garden (Minimal Wave, Ethereal Wave)

Faixa essencial: We Shouldn’t Have to Wait

BlockBerryCreative, 31/10

03. Odd Eye Circle — Max & Match (K-Pop)

Faixa essencial: Loonatic

PC Music, 13/12

02. Hannah Diamond — Soon I Won’t See You at All (Electropop, Bubblegum Bass)

Faixa essencial: Concrete Angel

Self-Released, 27/10

01. Rina Sawayama — RINA (Electropop, Contemporary R&B)

Faixa essencial: Alterlife

OS 50 MELHORES ÁLBUNS:

Dead Oceans, 05/05

50. Slowdive — Slowdive (Dream Pop, Shoegaze)

Faixa essencial: Slomo

Slowdive retorna com uma fórmula simples e correspondente a várias formas que o shoegaze tomou desde sua saída, assim como um resumo das sonoridades dos três álbuns, qualquer seja o estilo, são fórmulas conhecidas e reusadas, mas não deixa de ser uma boa adição ao catálogo da banda, devido a consistência das canções, suas composições e do talento da banda num geral.

Mute, 31/03

49. Goldfrapp — Silver Eye (Art Pop, Synthpop)

Faixa essencial: Ocean

Usando os sintetizadores e modulações para criar um trabalho mais atmosférico e ameaçador, Alison canta num tom mecânico, com uma produção puxada pro industrial e uma agressividade mais calculada, toda a atmosfera é muito bem construída, embora bem mais minimalista e com poucas camadas, diferente das produções exuberantes típicas da dupla.

Jóia Moderna, 10/07

48. Letrux — Em Noite de Climão (Synthpop, Art Pop)

Faixa essencial: Ninguém Perguntou por Você

Sintetiza bem perfeitamente a cena alternativa brasileira atual numa mistura de atitude blasé e sentimentalismo exacerbado, canalizado através de um synthpop com influências oitentistas e tom milenial — a indiferença intensa cristalizada em ganchos inescapáveis e no carisma de Letrux.

Dead Oceans, 14/07

47. Japanese Breakfast — Soft Sounds from Another Planet (Dream Pop)

Faixa essencial: Till Death

Encapsula a essência do que foi bom em “Psychopomp” e condensa-a em algo mais consistente e propriamente desenvolvido. Temos bastante diversidade aqui, tudo empacotado junto a uma voz cativante. O álbum também conta com vários hooks e escolhas espertas na produção, juntando-se para construir um álbum viciante com diversos pontos que te seguram a ele

Self-Released, 06/10

46. Linn da Quebrada — Pajubá (Funk carioca, Conscious Hip Hop)

Faixa essencial: Bomba pra Caralho

Linn da Quebrada talvez tenha lançado um dos trabalhos mais importantes do funk carioca e talvez até da música brasileira moderna. Em parceria com BadSista, sua performance afiada de políticas LGBT, transfobia, racismo estrutural ou de simplesmente músicas com letras sexuais explícitas podem finalmente brilhar através do vigor da produção.

Self-Released, 17/03

45. BEL — Quando Brinca (Sophisti-Pop, Downtempo)

Faixa essencial: Bem-Vindo

Pegando a rota de Mahmundi, mas com menos ganchos e refrões exuberantes, seguindo para uma abordagem mais atmosférica e alternativa, com influências de Downtempo e Sophisti-Pop, Quando Brinca” se segura como uma experiência rápida, confortável e prazerosa por toda sua duração e revelando sua qualidade a partir de mais ouvidas.

Universal Spain, 10/02

44. Rosalía — Los ángeles (Flamenco nuevo)

Faixa essencial: Si tú supieras compañero

Uma torrente de emoções canalizadas pela voz crua de Rosalía e a justaposição de beleza e dor— dando um fôlego novo ao Flamenco, a cantora despeja de maneira intensa toda sua angústia em canções espiralantes de uma forma que se torna até desconfortável em um certo ponto.

Kompakt, 21/04

43. GAS — Narkopop (Ambient Techno)

Como o título já implica, o álbum se assemelha ao álbum “Pop”, mas retirado de suas influências New Age e embebido com uma atmosfera mais obscura, sombria e ameaçadora, é a floresta representada por “Pop” a noite e acometida pela paranoia e sensação de alguém estar te observando

City Slang, 25/08

42. EMA — Exile in the Outer Ring (Noise Rock)

Faixa essencial: Breathlyzer

Um trabalho mais conciso e com uma sonoridade mais agressiva e barulhenta que seus trabalhos anteriores, mantém a consistência ao adicionar mais influências industriais e um tom mais abrasivo, o álbum soa tenso e baseado na raiva e angústia, com passagens repetitivas e melodias monótonas, assim como canções mais pulsantes e diretas.

Biscoito Fino, 24/11

41. Filipe Catto — Catto (Art Rock)

Faixa essencial: Canção de Engate

Mais uma canalização da poderosa voz de Catto através de composições fortes e uma sonoridade que adota a psicodelia em um trabalho mais rock e encorpado, refletindo a sua expressão mais livre de sua imagem LGBT, trazendo influências do Prog Pop e Glam Rock dos anos 70, o artista soa poderoso e catártico , além de ser acompanhado por uma produção cristalina intricada.

OWSLA, 14/09

40. Hundred Waters — Communicating (Art Pop, Indietronica)

Faixa essencial: Wave to Anchor

“Communicating” é um passo a frente na carreira da banda e um na direção certa, mantendo-se diverso, mas também fiel a sua essência suave, doce e frágil — em “Communicating”, sua sonoridade expandiu para além das suas raízes folk para algo mais focado no trabalho eletrônico, com canções diretamente dance;

Luzazul, 01/09

39. Tetê Espíndola — Outro Lugar (Chamber Folk, Avant-Folk)

Faixa essencial: Bodoque

Em “Outro Lugar”, seu décimo oitavo álbum de estúdio, Tetê mostra que aos 63 anos, ainda é capaz de produzir um trabalho inventivo e frutífero. Talvez seja menos frenético que seus trabalhos dos anos 80, mas as melodias mais calmas e o folk suave ainda são acompanhadas por peculiaridades na produção e sua incomparável voz, soando tão cristalina como em seus primeiros trabalhos.

Ba Da Bing!, 27/01

38. Julie Byrne — Not Even Happiness (Contemporary Folk)

Faixa essencial: I Live Now As a Singer

“Not Even Happines” contém uma produção mais polida, enquanto anteriormente Julie soava psicodélica, aqui a produção parece mais pristina, não é nada grandioso ou com arranjos exuberantes, mas existe uma produção subjacente que engrandece as canções, tanto pelos vocais mais encorpados de Julie quanto pelas texturas ambient sutis.

1965, 07/04

37. Karen Elson — Double Roses (Chamber Folk)

Faixa essencial: Wolf

O álbum parece mais maduro que seu antecessor e sua voz mais encorpada e com personalidade, ela dá vida a essas canções, ao invés de soar como um acompanhamento para uma boa produção. A sonoridade entra num cenário mais chamber folk, deixando as influências de country de lado e focando na produção exuberante ao lado de guitarras e melodias progressivas.

Crammed, 05/05

36. Juana Molina — Halo (Folktronica, Art Pop)

Faixa essencial: Lentisimo Halo

O álbum mais simples e complexo do ano ao mesmo tempo. Tudo soa experimental, alienígena, estranho, mas as estruturas apresentadas aqui são simples, sutis e quietas. Esse sentimento de estranheza é dado a essas canções simples devido as melodias vocais hipnotizantes, com um efeito de flange aplicado no vocal em todas as faixas e as experimentações eletrônicas monocromáticas.

4AD, 29/09

35. Torres — Three Futures (Art Pop)

Faixa essencial: Helen in the Woods

Embora em outro estilo, “Three Futures” mantém a essência da música de Torres, em seus trabalhos anteriores: Sua voz sempre foi tremida e quebrada, suas músicas e composições sempre tem aquele senso de raiva, nojo e “culpa” embutidos nelas, “Three Futures” não é diferente, é estático, desconcertante e muito mais “nojento” em textura e humor.

Sacred Bones, 03/03

34. Blanck Mass — World Eater (Electro-Industrial)

Faixa essencial: Rhesus Negative

Constrói em cima do que o seu álbum de estréia começou — um álbum focado nas suas texturas sonoras, que faz um bom uso de samples vocais e que sabe como explorar uma miríade de estilos de maneira incessante e bem pouco sutil, sabendo por quais caminhos percorrer, expandindo de maneira interessante sobre ambas música dance e industrial.

Brainfeeder, 29/09

33. Iglooghost — Neō Wax Bloom (UK Bass, Wonky)

Faixa essencial: Super Ink Burst

Como um caleidoscópio que fica explodindo constantemente, Neo Wax Bloom catapulta Igloghost, com um trabalho intricado, psicodélico, mecanicamente extasiante e levemente assustador. O álbum mantém seu tom frenético por toda sua duração, nunca deixando se domar, ele continua a explodir e explodir de novo e de novo em pequenos espasmos e brilhantes momentos que enchem os ouvidos.

Sub Pop, 02/06

32. Marika Hackman — I’m Not Your Man (Indie Rock)

Faixa essencial: Boyfriend

I’m Not Your Man” mostra uma transição de Marika entre o folk confessional de seu primeiro álbum e uma sonoridade mais agarrada do rock alternativo noventista, desde a estética. Com guitarras ecoadas e um sentimento forte de raiva, remorso e sarcasmo, Marika dá vida e dinamicidade a essas canções curtas e diretas com sua composição e tato para melodias.

Because, 17/11

31. Charlotte Gainsbourg — Rest (Art Pop)

Faixa essencial: Deadly Valentine

As composições frágeis, mas confiantes e exuberantes nos lugares certos, junto com a produção de SebAstian são uma combinação paradisíaca — As cordas exuberantes se encontram com os sintetizadores efervescentes e ambos criam um senso de euforia e melancolia, um senso de anseio e familiaridade.

ATO, 10/03

30. Hurray for the Riff Raff — The Navigator (Folk Rock, Alt-Country)

Faixa essencial: Pa’lante

Como um álbum conceitual sobre as dificuldades enfrentadas por imigrantes latinos nos EUA, “The Navigator” acerta em cheio. Condensa a atual situação dos imigrantes, tal qual questões de identidade latina nos EUA e tudo que vem com ela, Alyna se torna a voz para aqueles que não tem uma, sem nunca se tornar prepotente, ela se põe como alguém vulnerável enquanto valorizando a necessidade de tomar uma atitude e revoltar-se

Rabid, 27/10

29. Fever Ray — Plunge (Art Pop, Electropop)

Faixa essencial: Wanna Sip

“Plunge” é uma mistura dos trabalhos anteriores de Karin, postos em uma batedeira em formato de vibrador. Ele é incessante, aleatório, louco e kinky assim como apaixonado, sincero e agonizante, sua aparênca brincalhona e satírica é apenas a superfíci4 dos temas mais profundos e a sonoridade mais cacofônica presente nele.

2MR, 08/09

28. Kedr Livanskiy — Ariadna (Outsider House)

Faixa essencial: Ariadna

Noturno, relaxante, mas sutilmente paranoico e urbano — um álbum feito para os clubes, mas que soa mais confortável ao ser ouvido numa caminhada pela cidade. Batidas distantes e geladas emparelhadas com um distante e gelado vocal. Um álbum intrigante ao mesmo tempo que dançante, Kedr consegue construir com sucesso canções psicodélicas e divertidas, ao mesmo tempo que misteriosas.

Sacred Bones, 08/09

27. Zola Jesus — Okovi (Darkwave, Art Pop)

Faixa essencial: Exhumed

Zola colide e mistura ambos darkwave e pop perfeitamente, por ora com com strings obscuras e pulsantes e uma performance vocal apocalíptica, ora com faixas mais centradas no pop, com ótimos hooks e uma produção electropop dinâmica, o álbum varia entre esses dois moods, muitas vezes misturando-os numa faixa só, criando uma harmonia no contraste dos dois mundos.

Barsuk, 2017

26. Charly Bliss — Guppy (Power Pop)

Faixa essencial: Black Hole

A fórmula perfeita do Power Pop — ganchos de aço, canções diretas, uma guitarra barulhenta, mas intricada e melodias inescapáveis — tudo isso intensificado a um nível de catarse muito mais delicioso pelos vocais tão açucarados quanto venenosos de Eva Hendricks, que dão elasticidade e um fôlego potente as canções simples e cortantes presentes nesse álbum.

Tratore, 24/03

25. Luiza Lian — Oyá Tempo (Art Pop)

Faixa essencial: Tucum

Fundindo uma atmosfera mais misteriosa, urbana e noturna, suas letras incisivas são entregues com vocais cristalinos e uma performance corajosa, que soa poderosa e implacavelmente sarcástica — tudo isso e a tradução de gêneros como o Funk carioca para linguagens mais experimentais, fazem de “Oyá Tempo” um álbum interessantemente desafiador que não perde seu apelo pop.

XL, 07/04

24. Arca — Arca (Art Pop)

Faixa essencial: Anoche

Pode soar desconfortável em diversos momentos pela densidade da sua atmosfera dolorpsa combinada com a produção metálica, uma influência latina que pulsa discretamente embaixo das camadas de produção eletrônica e os vocais arrastados de Arca tornam o álbum uma experiência “feia”, que provoca ansiedade, repulsa e talvez por esse motivo o mesmo seja uma das experiências mais necessárias desse ano.

Kobalt, 10/03

23. Laura Marling — Semper Femina (Chamber Folk)

Faixa essencial: Soothing

O álbum soa como uma ode a mulher num geral, com sutis referências a relacionamentos entre duas mulheres e a afirmação orgulhosa das mais diversas formas da feminilidade — seu som é consistente, mas cada canção contém elementos diferentes, seja de rock, country, art pop ou chamber folk. Tudo soa coerente dentro da estética rosada e delicada criada nele.

Interscope, 28/04

22. Feist — Pleasure (Indie Rock)

Faixa essencial: Century

É um dos álbuns mais bem produzidos de 2017, cada canção tem detalhes peculiares para realçar suas atmosferas e personalidades próprias, melhorando a experiência do álbum num geral, a voz quebrada e as melodias minímas se prendem em sua mente e você continua a cantarolá-las, mesmo se não pareceram grudentas de primeira.

Sub Pop, 10/02

21. Jesca Hoop — Memories Are Now (Indie Folk)

Faixa essencial: Memories Are Now

Beleza na sutilidade” seria uma descrição precisa desse álbum, essa é a melhor qualidade do álbum, junto com suas composições. A qualidade de pegar canções tecnicamente simples — engrandecê-las através de nada além da força de suas melodias e composições, fazendo com que pareça que há muita coisa acontecendo nessas canções.

Polyvinyl, 24/02

20. Xiu Xiu — Forget (Noise Pop)

Faixa essencial: Get Up

Com estruturas mais bem definidas e melodias mais identificáveis que seus trabalhos mais experimentais, uma produção focada em sintetizadores abrasivos, guitarras abafadas e vocais torturados, Xiu Xiu mostra sua estética bizarra e perturbada de maneira concisa e cativante — incorporando seus elementos caóticos e únicos em uma produção mais “pop” e “acessível”.

RCA, 09/06

19. SZA — Ctrl (Alternative R&B)

Faixa essencial: Drew Barrymore

Não é um álbum sobre o que é ser mulher, mas que ao analisar a psique de uma mulher em específico, traduz em um trabalho abrangente e identificável sobre o gênero — isso também explica o sucesso massivo do álbum, num mundo que necessita de representatividade, a música de SZA se torna um símbolo universal de poder na fragilidade.

Self-Released, 07/07

18. Lingua Ignota — All Bitches Die (Death Industrial, Neoclassical Darkwave)

Faixa essencial: Woe to All

Música que é engatilhada por uma necessidade de catarse da dor enclausurada, é a mais pura definição de liberação e massacre dos seus próprios demônios — sem um momento de paz, apenas angústia e confusão advindas de anos de abuso de alguém que finalmente encontrou um objetivo divino para sua dor dentro da música noise.

Asylum, 10/03

17. Charli XCX — Number 1 Angel (Electropop)

Faixa essencial: Roll with Me

A canções apresentadas aqui são mais discretas no bubblegum bass, valorizando mais o seu aspecto electropop mais convencional, mas sem deixar de lado a produção elástica e vivída típica do gênero — “Number 1 Angel” foi mais um passo de Charli para a dominação do pop e uma transição/preparação necessária para o que veio depois no mesmo ano…

Loma Vista, 13/10

16. St. Vincent — Masseduction (Art Pop)

Faixa essencial: Los Ageless

Afiando ainda mais sua habilidade de criar pop experimental que ainda é perfeitamente acessível — Um caminho natural para a música de Clark: synth-noise pop explosivo, brincalhão e colorido Fundindo influências dance do dance-punk até o electro-disco, distorcendo-as com guitarras reverberadas e empregando sintetizadores obscuros, tornando “Masseduction” um dos álbuns mais interessantes do ano.

Smalltown Supersound, 24/05

15. Kelly Lee Owens — Kelly Lee Owens (Tech House, Ambient Pop)

Faixa essencial: Anxi.

Provavelmente o álbum mais esteticamente prazeroso do ano. Batidas pulsantes, vocais sutis e sussurrados, produção droney e imaculada e melodias coloridas injetadas numa base monocromática transformam o álbum homônimo de Kelly Lee Owens em uma experiência específica e extremamente recompensadora.

Matador, 05/05

14. Perfume Genius — No Shape (Art Pop)

Faixa essencial: Slip Away

Perfume Genius junta tudo que ele fez anteriormente e explode, mostrando um crescimento artístico fantástico, o álbum é instigante e intricado com uma produção grandiosa e corajosa que complementam seus vocais estranhos e torturados. Estilos e elementos não-convencionais e produção extravagante pareadas com estruturas pop que juntas, criam um trabalho efervescente que é melodicamente pegajoso e desafiador ao mesmo tempo.

Mutually Detrimental, 10/03

13. Tennis — Yours Conditionally (Indie Pop)

Faixa essencial: Ladies Don’t Play Guitar

Duas pessoas que se amam fazendo o que amam e isso se traduz para a música muito bem, soando como algodão doce sendo derretido em meus ouvidos, ao mesmo tempo que nunca se torna diabeticamente doce, não nos sobrecarregando por sua doçura.

One Little Indian, 24/11

12. Björk — Utopia (Glitch Pop)

Faixa essencial: Blissing Me

O álbum soa como uma direta e merecida continuação a “Vulnicura”, mas também seu contraste direto. Björk trocou a melancolia e latente dor dos instrumentos de cordas por uma flauta mais bucólica e agridoce. Esse o contraste mais importante e definidor do álbum em relação ao anterior, mas soa como uma continuação devido a temática e produção similares — Björk no entanto, está em outro contexto e mentalidade em “Utopia”.

Sargent House, 22/09

11. Chelsea Wolfe — Hiss Spun (Doom Metal)

Faixa essencial: Scrape

“Hiss Spun” é seu trabalho mais pesado até o momento e sucessor natural de “Abyss” — enquanto naquele álbum tivemos uma influência de metal mais sutil, sempre á espreita, se mostrando apenas algumas vezes aqui e ali, em “Hiss Spun” essa influência é levada para o contexto do álbum inteiro, explodindo as guitarras e deixando-as proeminentes e cobrindo-o numa produção lodosa.

History Always Favours the Winners, 13/10

10. The Caretaker — Everywhere at the End of Time Stages 1–3 (Ambient, Turntable Music)

Os três primeiros estágios de uma série composta de seis álbuns — retratando a perda de memória causada pela demência, esses três estágios representam o ponto inicial da doença, aonde as memórias ainda são divisáveis, mas aonde pequenos cortes e um distanciamento gradual já podem ser sentidos de maneira melancólica e aterrorizante

P.W. Elverum & Sun, 24/03

09. Mount Eerie — A Crow Looked at Me (Indie Folk)

Faixa essencial: Real Death

Sentimentos, contexto e aspectos externos são essenciais para a nossa percepção de música (e da arte num geral) e esse álbum resume isso tudo. Phil Elverum em “A Crow Looked at Me” usa a música para seu propósito mais intenso e verdadeiro, a catarse emocional de seu autor, sem se importar com qualquer tipo de audiência.

08. Alvvays — Antisocialites (Indie Pop, Jangle Pop)

Faixa essencial: In Undertow

“Antisocialites” pode não estar trazendo algo inovador — mas quem se importa com isso quando temos composições tão fortes, melodias tão cativantes, produção tão pristinamente lo-fi e vocais tão apaixonados quanto os de Molly Harken? Quando cada palavra das letras ingenuamente afiadas são ditas com tanto charme? Quando as guitarras são tão jangly, agridoces e as músicas tão simples, mas tão incríveis?

Hyperdub, 23/06

07. Laurel Halo — Dust (Art Pop, Ambient Pop)

Faixa essencial: Moontalk

“Dust” é como um jogo, aonde um chão sólido que estava presente em baixo de seus pés se dissipa em segundos e você tem que saber quando pular para a próxima plataforma, calculando seus movimentos para não bater de cara em algum lugar, desafiador e incessante, Laurel Halo foi capaz de criar uma das experiências mais estonteantes e surreais de todo o ano.

Warp, 06/10

06. Kelela — Take Me Apart (Alternative R&B, UK Bass)

Faixa essencial: Blue Light

“Take Me Apart” é uma viagem, uma vulnerável, frágil e emocional viagem, ao mesmo tempo que misteriosa e imersiva.

“R&B noventista do ano 3000” — tem aquela sensação clássica da Janet Jackson, mas apresentada com uma visão e produção futurista — esse não é o presente, é o futuro do pretérito do R&B.

Asylum, 15/12

05. Charli XCX — Pop 2 (Electropop, Bubblegum Bass)

Faixa essencial: Track 10

Charli está basicamente construindo seu próprio império e “Pop 2” talvez seja seu trabalho definitivo. A produção de A. G. Cook é detalhada e vívida, essas melodias plásticas saltam através dos tons coloridos e repetitivos, unidos pela performance de XCX e suas melodias vocais hipnotizantes.

Sony Latin, 05/05

04. Natalia Lafourcade — Musas (Nueva Canción Latinoamericana)

Faixa essencial: Soledad y El Mar

“Musas” não falha nunca em me fazer sentir confortável ou colocar um sorriso em meu rosto através da sua voz suave, a beleza do idioma espanhol e as melodias convidativas, com aquele irresistível toque de bolero. Natalia foi fiel as suas raízes, mas temperou-as com sua personalidade, dando um sentido e objetivo para o álbum além de mero saudosismo.

Fueled by Ramen, 12/05

03. Paramore — After Laughter (New Wave, Alternative Dance)

Faixa essencial: Hard Times

“After Laughter” serve como a afirmação definitiva da frase “Paramore is still a band”. Você consegue sentir o compromisso e a sinceridade que eles colocaram aqui, toda a banda se engajou em sua produção, isso é visto nos detalhes da produção, nos vocais enérgicos de Hayley e nas letras diretas e incisivas, além do contraste forte entre sonoridade colorida e alegre com as letras sobre depressão

Universal, 16/06

02. Lorde — Melodrama (Synthpop, Art Pop)

Faixa essencial: Perfect Places

Lorde fez o que ela teve que fazer — expandiu seu som e suas composições, mas mantendo a mesma essência e dessa forma soando inescapavelmente Lorde. Ela pegou todas as inseguranças enfrentadas na adolescência e sua performance blasé e indiferente do seu álbum de estréia e explodiu tudo isso em pura catarse juvenil.

Bella Union, 08/09

01. Susanne Sundfør — Music for People in Trouble (Art Pop, Singer/Songwriter)

Faixa essencial: Bedtime Story

Um ensaio sobre a solidão e como abraçá-la, encontrar esperança nela e conviver com ela como uma companhia permanente e não como um fardo. Solidão como forma de conforto e estilo de vida. Um álbum de superação, não por mensagens positivas e pela esperança de um futuro melhor, mas sim pela aceitação do vazio e da nossa falta de controle sobre nossa própria existência.

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