“If only we could dance our way to death”: Favoritos de 2014

Marcus Vinicius
18 min readMay 30, 2019

--

Todo ano é pelo menos ótimo musicalmente, tendo sempre grandes álbuns e boa música, mas sempre temos a percepção que alguns anos são mais… inconsistentes que outros ou pelo menos temos essa sensação — sinto que 2014 foi um pouco assim, mas mesmo com essa sensação, parece um pouco injusto quando ele me deu alguns álbuns que são muito importantes emocionalmente para mim, assim como serviu de ápice ou ponto pivotal para vários artistas, assim como o melhor álbum de estreia da década.

10 MELHORES EPS / PROJETOS:

The Vinyl Factory, 28/05

10. Róisín Murphy — Mi Senti (Electro-Disco, Italo Pop)

Faixa essencial: In Sintesi

On Repeat, 01/12

09. Little Boots — Business Pleasure (Dance-Pop)

Faixa essencial: Taste It

Cascine, 11/02

08. Yumi Zouma — EP (Sophisti-Pop)

Faixa essencial: A Long Way Home for Parted Lovers

Mystic Roses, 11/03

07. You’ll Never Get to Heaven — Adorn (Dream Pop)

Faixa essencial: Caught in a Time, So Far Away

Top Dawg, 08/04

06. SZA — Z (Alternative R&B)

Faixa essencial: Babylon

Ginjoha, 31/01

05. 25,000 Kittens — 25,000 Kittens (Drone, Ambient)

Listen

Créme Organization, 14/11

04. Yør — Lack of Being (Outsider House)

Faixa essencial: Lack of Being

Dog Triumph, 26/05

03. Röyksopp & Robyn — Do It Again (Electro House)

Faixa essencial: Monument

Acéphale, 29/04

02. Doss — Doss (Dream Trance)

Faixa essencial: The Way I Feel

Self-Released, 18/11

01. Kitty — Frostbite (Progressive House)

Faixa essencial: Last Minute

OS 50 MELHORES ÁLBUNS

RCA, 08/07

50. Sia — 1000 Forms of Fear (Electropop)

Faixa essencial: Chandelier

O primeiro álbum após adquirir a fama mundial ecoa muito bem esses sentimentos — com produções mais altas e menos idiossincráticas, Sia ainda é bem sucedida num tipo de pop que abraça a própria infelicidade e glorifica a própria miséria em busca de catarse, mesmo dentro do seu som polido e mainstream.

Unión del Sur, 28/10

49. Javiera Mena — Otra Era (Synthpop, Dance-Pop)

Faixa essencial: Espada

Em todos os aspectos, “Otra Era” é mais moderno e mainstream que “Mena”, adotando sintetizadores com um estilo mais contemporâneo, mas mesmo que menos consistente, a energia de Javiera ainda flui de maneira natural e instigante pelas canções.

BPitch Control, 28/03

48. Dillon — The Unknown (Ambient Pop)

Faixa essencial: The Unknown

A produção letárgica do ambient techno e as composições esparsas de “The Unknown” se mostram como uma combinação perfeita para os vocais monocromáticos de Dillon, dando mais força ao seu tom catatônico.

un BORDE, 09/07

47. きゃりーぱみゅぱみゅ — ピカピカふぁんたじん (J-Pop)

Faixa essencial: きらきらキラー

Não contém as curvas insanas ou os pontos altos dos seus antecessores, mas consegue se manter no mesmo nível pela sua consistência incrível, com todas as faixas se estabilizando no mesmo nível de j-pop frenético e efusivo que Kyary e Nakata fazem tão bem.

Asylum, 16/12

46. Charli XCX — Sucker (Pop Rock, Electropop)

Faixa essencial: Famous

“Sucker” prova que mesmo com limitações, XCX ainda é uma das artistas mais interessantes no cenário pop — numa mistura de pop punk açucarado e electropop frenético, o álbum borra a linha entre sátira e honestidade, sem nunca perder a auto-consciência.

Arts & Crafts, 01/04

45. Timber Timbre — Hot Dreams (Chamber Pop)

Faixa essencial: Hot Dreams

Continua trabalhando sob a lente do pop cinquentista obscuro do seu álbum anterior, mas dessa vez também adicionando influências mais contemporâneas de sophisti-pop — ainda assim, a banda mantém o seu som único e efetivo praticamente intacto.

Avex, 03/12

44. 大森靖子 — 洗脳 (J-Pop, Art Pop)

Faixa essencial: 絶対絶望絶好調

Um álbum pop que simplesmente não para — seja nas suas composições estranhas, nas key changes abruptas, na troca de estilos bruscas ou na entrega tipicamente efusiva do j-pop, Seiko Oomori constrói um álbum eclético ao extremo,mas mesmo assim consistente.

Domino, 17/06

43. White Lung — Deep Fantasy (Punk Rock)

Faixa essencial: Drown with the Monster

Talvez menos pungente que o anterior, mas cimenta White Lung como uma das bandas de punk mais interessantes pela atualidade — seja pela sua guitarra instigante ou pelos vocais venenosos que beneficiam as rápidas canções com mais ângulos.

Domino, 04/03

42. Real Estate — Atlas (Jangle Pop)

Faixa essencial: Talking Backwards

Uma banda que tem a sua fórmula pronta e que prefere trabalhar dentro da mesma que experimentar — “Atlas” é uma condensação mais interessante que o seu antecessor e tem a sonoridade perfeita para um dia de calor — relaxado, simples e direto.

Naive, 26/09

41. Marianne Faithfull — Give My Love to London (Art Rock)

Faixa essencial: Late Victorian Holocaust

A veterana e subestimada camaleoa retorna com um álbum que faz jus a toda a sua carreira e canaliza sua voz áspera através de mais uma coleção de canções pungentes e intensas em sua camada enfumaçada.

SusannaSonata, 19/08

40. Jenny Hval & Susanna — Meshes of Voice (Art Pop, Experimental)

Faixa essencial: I Have Walked This Body

A mais etérea e acessível Susanna em uma parceria com a polêmica e instigante Jenny Hval — uma combinação que alia o talento de ambas para criar uma síntese do art pop nórdico, o gélido-emotivo indo de encontro com o mecânico para criar um experimento esparso, mas completo.

Smalltown Supersound, 25/02

39. Neneh Cherry — Blank Project (Art Pop)

Faixa essencial: Weightless

Um trabalho mais experimental da cantora de “Buffalo Stance” — totalmente despida de qualquer elemento maximalista, com um zelo cuidadoso com uma produção eletrônica-experimental que valoriza os ritmos minimalistas pingue-pongueantes junto com a voz melódica e cristalina de Neneh constroem um álbum que pode parecer em branco, mas que se engradece.

´Jóia Moderna, 09/09

38. Alice Caymmi — Rainha dos Raios (Art Pop)

Faixa essencial: Homem

Caymmi encorpou mais seu trabalho no seu segundo álbum — entre reinterpretações poderosas de alguns clássicos da MPB e composições próprias, a cantora firma seu pé num tom melodramático que combina perfeitamente com a sua voz grandiosa e cheia de personalidade.

Warp, 06/10

37. Flying Lotus — You’re Dead! (Nu Jazz, Wonky)

Faixa essencial: Never Catch Me

Ainda mais fragmentado que “Cosmogramma”, “You’re Dead” mostra FlyLo se aproximando ainda mais do hip hop e do jazz num trabalho ainda mais maximalista, pegando a intensidade de ambos os gêneros e as traduzindo dentro do seu próprio mundo caleidoscópico e instigante.

PMR, 06/10

36. Jessie Ware — Tough Love (Contemporary R&B)

Faixa essencial: You & I (Forever)

Deixando a atmosfera do R&B alternativo de lado e caminhando junto de uma produção mais convencional, Ware ainda consegue brilhar com sua voz forte e composições interessantes dentro da sonoridade mais pop — dissipando a camada grossa do mundo que criou em “Devotion”.

Harvest, 09/09

35. BANKS — Goddess (Alternative R&B)

Faixa essencial: Brain

Uma abordagem mais pop do gênero, mas que ainda retém sua melancolia e aura de sensualidade ambígua — Banks tem uma crueza na voz que dão um tom mais melodramático e intenso em suas canções, injetando nas produções oblíquas uma dose de sinceridade áspera, que ecoam pela atmosfera noturna.

Arbutus, 30/09

34. Lydia Ainsworth — Right from Real (Art Pop)

Faixa essencial: Malachite

Pega um estilo de vocal único e intrigante, uma produção noturna e levemente experimental e composições espiraladas e as passam num filtro de sensibilidade pop levemente oitentista, transformando “Right from Real” num cambalacho Art Pop que por final, é capaz de andar muito bem com as próprias pernas.

Essential, 20/01

33. Sophie Ellis-Bextor — Wanderlust (Chamber Pop)

Faixa essencial: Love is a Camera

A transformação de diva pop para cantautora indie é intrigante e arriscada — mas com seu sotaque blasé distinto e um bom tato para composições, ajudadas por uma produção coesa que pontua as características mais fortes da artista, “Wanderlust” é um experimento muito bem sucedido, que faz a voz de Bextor soar natural dentro do estilo novo.

Domino, 27/05

32. Owen Pallett — In Conflict (Chamber Pop, Art Pop)

Faixa essencial: In Conflict

Um dos compositores masculinos mais interessantes — “In Conflict” é mais uma demonstração memorável do seu talento em construir uma sonoridade imponente ao misturar música clássica e eletrônica com uma abordagem pop e atmosfera medieval, com sensibilidades de sci-fi em suas letras.

Rough Trade, 03/11

31. Dean Blunt — Black Metal (Art Pop, Hypnagogic Pop)

Faixa essencial: Forever

Mais um trabalho surreal de Dean Blunt — como um sonho traduzido para a realidade, aonde a liga que dá sentido a ele se perdeu entre a mente e o papel, mas que dessa vez soa com os pés mais firmados e bem delineados — com a junção de diversos elementos e gêneros desconexos dentro de uma aura psicodélica por vezes intensa por vezes etérea por vezes apática.

Tratore, 15/11

30. Carne Doce — Carne Doce (Indie Rock, Psychedelic Rock)

Faixa essencial: Sertão Urbano

Uma estreia extremamente sólida para uma das bandas nacionais mais promissoras — a voz inigualável de Salma Jô, com sua natureza multi-angular dá vida as letras cortantes e um charme a mais ao indie rock levemente lisérgico, fazendo de “Carne Doce” um trabalho conciso em todos os aspectos.

Olsen, 07/04

29. Todd Terje — It’s Album Time! (Nu-Disco, Electro-Disco)

Faixa essencial: Delorean Dynamite

Música disco futurista — pega a expansividade do gênero oitentista e adiciona a ela uma textura espacial, não tão “sci-fi” como o Space Disco, mas com um tom de sofisticação futurista, como um baile de gala em uma espaço-nave, com muitos drinks coloridos em taças com formas estranhas.

OWSLA, 27/05

28. Hundred Waters — The Moon Rang Like a Bell (Art Pop, Folktronica)

Faixa essencial: Murmurs

A fragilidade do álbum, evidenciada pela natureza vítrea dos vocais e da produção, que destaca a sensibilidade dos arranjos folk-eletrônicos e atmosfera gélida, mas fina, ganha corpo ao ser injetada com a emotividade intensa das melodias e composições, colocando em “The Moon Rang Like a Bell” uma beleza inegável.

Balaclava, 17/11

27. Séculos Apaixonados — Roupa Linda, Figura Fantasmagórica (Sophisti-Pop)

Faixa essencial: Só no Masoquismo

Das cinzas do Dorgas, se constrói Séculos Apaixonados — continua na veia daquele pop polido, mas intensifica ainda mais a atmosfera de rádio oitentista de madrugada, tira os pés do freio e não sente medo algum em ser devotamente brega — sem se esquecer, no entanto, da acidez que dá liga a coisa.

FatCat, 07/10

26. Vashti Bunyan — Heartleap (Chamber Folk)

Faixa essencial: Holy Smoke

No seu segundo álbum desde o seu retorno após mais de 30 anos sem contato com a música, Vashti olha ainda mais para dentro de suas próprias composições e cria um trabalho frágil e minimalista, mas ainda assim intrincado com detalhes bucólicos que o enchem de um charme incomparável e elevam as composições.

Polyvinyl, 22/07

25. Alvvays — Alvvays (Twee Pop, Jangle Pop)

Faixa essencial: Archie, Marry Me

Reafirma o poder de composições fortes no indie pop como catalisadora de um álbum incrível — misturando a sonoridade jangle oitentista com a inocência twee do indie 2000s, Alvvays se sobressai no cenário indie atual pela sua habilidade de criar canções memoráveis com elementos básicos — o nível da produção, entrega e composição são inigualáveis.

Mexican Summer, 21/10

24. Weyes Blood — The Innocents (Progressive Folk)

Faixa essencial: Bad Magic

Já podemos ver a artista divisando um estilo de composição mais clássico, se opondo ao experimentalismo completo dos seus trabalhos anteriores — buscando inspiração nas compositoras folks dos anos 70, Mering cria aqui um monumento próprio dentro do seu som, mesclando sua bagagem experimental com a melancolia universal.

Polydor, 21/07

23. La Roux — Trouble in Paradise (Synthpop)

Faixa essencial: Uptight Downtown

Deixa o electropop moderno de lado em busca de uma sonoridade mais retrô, que transmuta La Roux para uma verdadeira diva oitentista — “Trouble in Paradise” também conta com composições mais concisas e focadas, que permitem a cantora condensar todo seu poder de permanência em um trabalho mais consistente.

to whom it may concern. 10/11

22. iamamiwhoami — BLUE (Art Pop, Synthpop)

Faixa essencial: fountain

Mais uma demonstração da fórmula bem sucedida do projeto — com um som mais claro que os dois antecessores, “BLUE” se catapulta numa atmosfera mais aquática e diversifica sua sonoridade, com seus refrões pop não mais embebidos pela camada de anonimato, mas ainda permanecendo com sua atmosfera mística e magnética.

Warner Bros. 19/08

21. Kimbra — The Golden Echo (Art Pop)

Faixa essencial: 90s Music

Se em “Vows”, a cantora mostrava um potencial idiossincrático contido, em “The Golden Echo”, ela esparrama toda a sua ambição em um trabalho caleidoscópico e frenético, que mal consegue conter a sua explosão de influências e cria uma tapeçaria colorida, cheia de curvas e formas não-convencionais, que transformam o pop de Kimbra em algo único.

Chess Club, 10/04

19. MØ — No Mythologies to Follow (Electropop, Alternative R&B)

Faixa essencial: Fire Rides

Com uma produção polida e metálica juntamente do seu sotaque dinamarquês distinto, o álbum de estreia de MØ serve como um dos pivôs para o pop minimalista dessa dêcada — canalizando a melancolia suburbana e blasé milenial por lentes mais efusivas, mas ainda cobertas por aquele tom cinza e distante.

Prospect Park, 8/11

18. Azealia Banks — Broke with Expensive Taste (Hip House)

Faixa essencial: Desperado

Por mais conturbada que for a sua carreira, ela ainda terá o inegável: um ótimo álbum em seu currículo — com produções inventivas e diversificadas, ela demonstra toda a sua força e criatividade nessas 16 músicas, transmutando seu flow em cada uma e condensando suas bordas afiadas em canções de hip house ecléticas e instigantes.

Infinite Best, 23/09

17. Mr Twin Sister — Mr Twin Sister (House)

Faixa essencial: In the House of Yes

Adicionar o “Mr” na frente do seu nome transicionou uma banda de dream-indie pop em algo muito mais inventivo e instigante — “Mr Twin Sister” mescla a música eletrônica com curvas suntuosas por diversos gêneros, sempre embebido numa aura de sensualidade nebulosa que o permite construir um magnetismo místico.

Double Double Whammy, 11/11

20. Mitski — Bury Me at Make Out Creek (Indie Rock)

Faixa essencial: Townie

Uma das primeiras demonstrações de como Mitski é capaz de capturar perfeitamente a solidão da vida adulta e condensar seus lamentos em um indie rock direto e efetivo — uma junção da catarse da sua voz trêmula e do seu tom auto-piedoso das guitarras crepitantes ou das letras intensas que evocam imagens certeiras que ilustram tão bem a apatia do mid-20s.

Arts & Crafts, 04/03

16. TR/ST — Joyland (Futurepop, Synthwave)

Faixa esencial: Capitol

A sonoridade permanece com a base nos mesmos elementos, mas o tom é bem diferente da sua estreia — “Joyland” pega a mistura bem sucedida de industrial e pop e a canaliza através de um filtro mais hiperativo e caleidoscópico sob um véu EDM mais proeminente, elevando a melancolia do seu darkwave lúgubre a uma solidão sintetizada e neon.

Columbia, 03/02

15. Katy B — Little Red (Dance-Pop, Electropop)

Faixa essencial: 5AM

Cristaliza o seu estilo de EDM-pop para uma sonoridade ainda mais diretamente pop, mas sem deixar de lado a intensidade emocional que permite que as suas composições ganhem mais ângulo dentro das produções espiralantes de house e breakbeat, criando uma atmosfera perfeita de melancolia na pista de dança.

4AD, 05/05

14. Tune-Yards — Nikki Nack (Art Pop, Progressive Pop)

Faixa essencial: Water Fountain

A inegável melodia da cacofonia — determinada em produzir um álbum mais alto e intenso possível, Merril Garbus tira o máximo possível que ela pode do seu caleidoscópio de ideias e sons, com a ajuda de uma sensibilidade pop mais afiada, ela transforma Nikki Nack em um trabalho mais conciso e cativante, mas não menos instigante e inventivo.

Jagjaguwar, 27/05

13. Sharon Van Etten — Are We There (Singer/Songwriter)

Faixa essencial: Your Love Is Killing Me

Um dos álbuns de término de relacionamento mais certeiros da década — encapsula de maneira intensa todo o melodrama, desespero e devoção envolvido em um término de grandes proporções — Etten não limita ou mede suas emoções em nenhum momento e só deixa elas explodirem o dique do seu coração.

Matador, 23/09

12. Perfume Genius — Too Bright (Art Pop)

Faixa essencial: Grid

Transforma a melancolia solitária do seus álbuns anteriores em algo mais cortante, ao adicionar elementos eletrônicos e uma entrega mais mecânica, Hadreas dá uma faceta mais obscura a sua música, engolindo seus lamentos de maneira ameaçadora e mais confiante, passando por cima deles por mais que doa.

Self-Released, 18/02

11. Juçara Marçal — Encarnado (Vanguarda Paulista, Experimental Rock)

Faixa essencial: Ciranda do Aborto

Um álbum feito de contrastes e contrapontos, de quebra do convencional — sem uma seção rítmica, sem bateria ou baixo, “Encarnado” é a não-conversação entre duas guitarras e um vocal — Marçal canta suas letras trágicas sobre morte como se estivesse em um álbum de MPB, enquanto Dinucci e Campos brigam com suas guitarras atrás dela, fazendo do álbum uma não-sincronia incrível e dando a ele um som único, um atrativo magnético que nos puxa em sua direção.

Nostromo, 09/09

10. Esben and the Witch — A New Nature (Post-Rock, Ethereal Wave)

Faixa essencial: No Dog

O ápice da banda, pega todos os flertes com o apocalíptico dos seus trabalhos anteriores e os intensifica num trabalho completamente realizado em todos os aspectos — nos vocais profundos e multi-angulares, no trabalho de guitarra rasgante e textural e na atmosfera desoladora perfeitamente delineada.

Atlantic, 05/05

09. Lykke Li — I Never Learn (Indie Pop)

Faixa essencial: Love Me Like I’m Not Made of Stone

Com um tom similar a um outro álbum da lista, “Are We There” — Lykke deixa suas emoções e seus lamentos transbordarem a sua música, no entanto “I Never Learn” o faz de maneira mais condensada, talvez de uma maneira mais cansada — como se estivesse exausto de transbordar e continuar transbordando.

Sacred Bones, 14/10

08. Pharmakon — Bestial Burden (Death Industrial)

Faixa essencial: Intent or Instinct

Pega a repulsão magnética do seu álbum de estreia e expande conceitualmente sobre ela — expande sobre seu aspecto sensorial e a temática de body horror que permeava “Abandon” e estende-a de maneira melhor delineada, mas não menos aterrorizante — pelo contrário, entre gritos, soluços e tosses, “Bestial Burden” é uma amplificação do sentimento de angústia dilacerante que demonstra perfeitamente o terror embebido na falta de controle sobre seu próprio corpo e como nossa própria natureza pode nos trair de maneira tão terrível.

Modern Love, 17/11

07. Andy Stott — Faith in Strangers (Deconstructed Club)

Faixa essencial: Violence

Se seu trabalho anterior distorcia o dub de forma mais abstrata através do Techno, “Faith in Strangers” volta as suas raízes mais industriais e vai ainda mais fundo nessa estética — constrói uma cidade cinza, mas complexa, de desespero mudo — a cidade se mantém imponente com seu silêncio desolador, enquanto suas engrenagens a mantém funcionando perpetuamente.

Interscope, 17/06

06. Lana del Rey — Ultraviolence (Dream Pop, Art Pop)

Faixa essencial: West Coast

Mantém a mesma essência da sua persona satírica, mas troca o glamour cinquentista decadente pela estética de sad girl hippie dos anos 70 — com guitarras psicodélicas mais proeminentes, uma produção mais orgânica e letras ainda mais deliciosamente absurdas e exageradas, “Ultraviolence” corporifica porque Del Rey é uma das artistas essenciais da década.

Loma Vista, 25/02

05. St. Vincent — St. Vincent (Art Pop, Art Rock)

Faixa essencial: Birth in Reverse

Serve de culminação para tudo que a artista fez até agora — também é um trabalho calculado perfeitamente, que você consegue perceber as engrenagens da mente brilhante por trás disso funcionando e encaixando cirurgicamente suas partes — o balanço perfeito entre a experimentação instigante que não aliena os fãs e uma acessibilidade que permite-a expandir seu público.

Sacred Bones, 04/02

04. Marissa Nadler — July (Contemporary Folk)

Faixa essencial: Drive

Levemente assombrado, soa como se um espírito que ainda não conseguiu se libertar do plano terrestre continuasse vagando melancolicamente por casas vazias. Nadler atinge o ápice da sua melancolia fatasmagórica em “July”, com composições ainda mais fortes e com uma atmosfera etérea ainda mais intensa, ela se transmuta em um fantasma que paira desesperançosamente sobre sua música.

Young Turks, 11/08

03. FKA twigs — LP1 (Alternative R&B, Art Pop)

Faixa essencial: Lights On

Permanece sendo um dos álbuns mais inventivos e emocionalmente crus do R&B moderno — canalizando seus anseios, seus desejos, suas necessidades emocionais e seus inevitáveis machucados dessa devoção intensa através de uma aura de sensualidade etérea que se funde com uma cacofonia polida, intensificando o sentimento de isolamento emocional e de uma intensidade que se queima sem nenhum espectador.

Kranky, 31/10,

02. Grouper — Ruins (Ambient, Singer/Songwriter)

Faixa essencial: Clearing

Desconcertante no quão íntimo soa, Liz Harris assume o seu lado cantautora ao se despir de todas as camadas dos seus álbuns anteriores, criando um álbum que é o equivalente musical a aquele suspiro cansado que você dá enquanto está sentando estaticamente no escuro do seu quarto as 4 da manhã após uma crise de ansiedade que te deixou desesperançosamente vazio e entorpecido. O bipe do micro-ondas aparecendo abruptamente no meio do álbum ainda dói toda vez.

Jagjaguwar, 18/02

01. Angel Olsen — Burn Your Fire for No Witness (Indie Folk)

Faixa essencial: White Fire

Assim como a maioria dos meus AOTYs, é um álbum que simplesmente me entende e que fala comigo em praticamente todos os níveis — que compreende o sentimento confuso inerente ao ciclo de apatia a vida, que causa ansiedade intensa que culmina em mais apatia e assim por diante — que compreende o quão torturante é lutar contra o instinto natural de dar sentido a própria vida quando você quer apenas se aceitar como uma crise existencial ambulante — é conforto para quem não consegue encontrar um foco e o cérebro te tortura tentando posicionar sua visão para algo concreto sem sucesso — tudo isso canalizado pela voz rouca e apática de Olsen, que ecoa até nos hipnotizar por seu ritmo constante e então prover um fôlego ao energizar suas canções folk-country com fagulhas de esperança, que quebra nosso transe e nos leva de volta a realidade não totalmente revigorados, mas com uma certa percepção inconsciente que nos permite continuar por mais um dia, ao nos ensinar a abraçar a apatia como catalisadora de entusiasmo.

--

--