“I just wanna feel everything”: Favoritos de 2012

Marcus Vinicius
18 min readMar 24, 2019

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2012… Um ano bem importante, musicalmente, para mim. Foi nesse ano que eu comecei a acompanhar mais afinco os lançamentos, esperar eles toda semana e compilar meus favoritos… Foi nesse ano também que comecei a moldar o que viria a ser o meu gosto musical atual, comecei a expandir para além do que eu já ouvia antes (continuando de 2011) e definir o que me interessava e o que não me interessava, angariando novos artistas, divisando meu gosto e novas formas de ver a música. Num plano mais amplo, acredito que deva ter sido um ano importante para muitas pessoas com o gosto parecido — foi mais ou menos um ano do “ápice” de uma geração de pop alternativo, synthpop atmosférico e etc — desde o lado mais pop com “Born to Die” e “Electra Heart”, como os mais alternativos como “Visions” e “Shrines”, mas também aqui no nosso Brasil com álbuns como “Caravana Sereia Bloom” e “Tudo Tanto”. Se analisar, pode ter sido um ano formativo para muita gente ai e com certeza foi um bem interessante, com vários lançamentos importantes para a década.

EPS & PROJETOS RELEVANTES DO ANO:

Xenomania, 31/05

10. Florrie — Late (Dance-Pop, Electropop)

Faixa essencial: Shot You Down

Self-Released, 21/03

09. Mahmundi — Efeito das Cores (Synthpop)

Faixa essencial: Calor do Amor

Self-Released, 04/12

08. twigs — EP (Alternative R&B)

Faixa essencial: Ache

Interscope, 13/11

07. Lana del Rey — Paradise (Art Pop)

Faixa essencial: Ride

Spanish Prayers, 21/06

06. Cigarettes After Sex — I (Dream Pop, Slowcore)

Faixa essencial: Nothing’s Gonna Hurt You Baby

SM, 10/06

05. f(x) — Electric Shock (K-Pop)

Faixa essencial: Electric Shock

Box of Cedar, 29/05

04. Marissa Nadler — The Sister (Contemporary Folk)

Faixa essencial: The Wrecking Ball Company

Capitol, 16/10

03. Sky Ferreira — Ghost (Indie Pop)

Faixa essencial: Everything is Embarassing

Terrible, 27/11

02. Solange — True (Alternative R&B)

Faixa essencial: Losing You

Interscope, 29/05

01. Azealia Banks — 1991 (Hip House)

Faixa essencial: 212

OS 50 MELHORES ÁLBUNS DO ANO

Blue Note, 01/05

50. Norah Jones — …Little Broken Hearts (Indie Pop)

Faixa essencial: Happy Pills

O álbum de Norah Jones que mais se distancia do seu som jazz-folk-adult-contemporary e se embrenha por uma sonoridade mais indie e produções mais ecléticas, dando uma refrescada em sua voz e potencializando as canções por seu senso melódico.

Cosmica, 27/03

49. Carla Morisson — Déjenme Llorar (Folk Pop)

Faixa essencial: Apague Mi Mente

Possui aquele senso melódico que muitas vezes só o espanhol consegue nos proporcionar — o balanço perfeito entre composições levemente verborrágicas e acessíveis e uma sonoridade ensolarada, mas também contida — canções simples, mas intensificadas pelos detalhes.

Sony Latin, 18/09

48. Natalia Lafourcade — Mujer Divina (Bolero, Chamber Pop)

Faixa essencial: Mujer Divina

Um tributo a Agustín Lara na voz de Lafourcade e em duetos com diversos artistas latino-americanos, que complementam seu tom cândido e ensolarado com diversos tons, passeando pelas canções originais e rodopiando com suas melodias através de um álbum respeitoso e cativante.

P.W. Elverum & Sun, 22/05

47. Mount Eerie — Clear Moon (Indie Folk)

Faixa essencial: The Place I Live

Serve como uma continuação bem interessante do seu álbum anterior — mantém a sonoridade mais encorpada e obscurecida de “Wind’s Poem”, mas soa como a saída da floresta que nos embrenhou neste — quando conseguimos ver a lua e nos guiar por ela para a saída, com Elverum divisando um mundo mais próprio e desgarrado das suas influências.

Interscope, 11/09

46. Nelly Furtado — The Spirit Indestructible (Electropop)

Faixa essencial: Circles

Ao mesmo tempo que quebra expectativas do seu antecessor, mantém-se firme ao pop — abordando-o de uma maneira instigante e criativa, canalizando tanto a incisividade de uma M.I.A. quanto a efusividade etérea a do melhor tipo de electropop.

un BORDE, 23/05

45. きゃりーぱみゅぱみゅ — ぱみゅぱみゅレボリューション (J-Pop)

Faixa essencial: CANDY CANDY

Entrega aquele mundo que é próprio do J-Pop, distorcendo a sonoridade para algo mais exagerado e psicodelicamente intenso — Kyary talvez seja a artista mais inventiva desse meio, junto com Nakata, ambos encontraram um balanço interessante entre a natureza direta do pop e os ornamentos que a torna mais duradoura e cativantes, com uma produção imaculada e única.

Birth, 06/11

44. Jessica Pratt — Jessica Pratt (Contemporary Folk)

Faixa essencial: Night Faces

Uma coleção de canções incrivelmente simples, mas que contém uma força inesperada, trazida a vida por uma interpretação vocal única e cativante. Um álbum perdido no próprio tempo em seu som atemporal.

Self-Released, 20/08

43. Pethit — Estrela Decadente (Indie Pop, Art Pop)

Faixa essencial: Moon

Um indie pop com grandes doses de teatralidade — composições sólidas, com ângulos interessantes, amplificadas por um senso melódico cativante e afetações vocais idiossincráticas o suficientes para elevar as canções, tendo um intérprete versátil o suficiente para transitar entre a euforia, o sarcasmo e a decadência

Bella Union, 24/08

42. Wild Nothing — Nocturne (Dream Pop, Indie Pop)

Faixa essencial: Nocturne

Um dos álbuns mais emblemáticos do Dream Pop dessa década, combina o sentimento ensolarado do lado nostálgico-romântico do gênero com composições fortes e bem estruturadas, criando um álbum que parece deslocado do próprio tempo em seu próprio tom agridoce de euforia melancólica.

Polydor, 08/10

41. Ellie Goulding — Halcyon (Electropop)

Faixa essencial: Figure 8

O segundo álbum de Goulding é mais ambicioso que o seu cândido “Bright Lights” em diversos sentidos — seja nas produções mais expansivas ou nas composições menos confessionais, mas trabalha uma sonoridade que sabe balancear essa investida mais pop com uma sonoridade ainda exuberante e cativante.

Self-Released, 01/08

40. Farrah Abraham — My Teenage Dream Ended (Electropop, Dance-Pop)

Faixa essencial: The Phone Call That Changed My Life

Um exemplo muito interessante de “Outsider music” e um álbum estranhamente emotivo e pesado — por trás do auto-tune exacerbado e da música dance abrasiva, Farrah Abraham criou um dos álbuns pop mais desconcertantes, tanto no conteúdo sincero e direto quanto na suposta distância dada pela produção densa e levemente repulsiva.

Jagjaguwar, 07/02

39. Sharon Van Etten — Tramp (Indie Folk)

Faixa essencial: Serpents

Impossivelmente melancólico, “Tramp” é um trabalho com uma visão mais ampla e mais coesa da sua própria força — condensa os pontos fortes de Etten num trabalho mais conciso — suas composições catárticas nunca chegam a explodir, mas servem como trilha sonora para uma tristeza que parece sempre permanecer conosco

Kanine, 24/01

38. Chairlift — Something (Synthpop, Indietronica)

Faixa essencial: Amanaemonesia

Aprimorando sua produção e suas composições, Chairlift fazem em “Something” uma música pop multi-dimensional — os vocais distinto de Polachek brilham nas canções que combinam o familiar com estruturas melódicas mais ousadas, balanceando suas ambições artísticas e sabedoria para compôr refrões cativantes.

679, 30/04

37. Marina and the Diamonds — Electra Heart (Electropop)

Faixa essencial: Teen Idle

Pode ser clichê chamá-lo de “álbum de uma geração” — mas acaba que merece, trabalha aqui um conceito bem interessante em exploração de esteriótipos egoístas de maneira exagerada e sarcástica, mas existe um motivo porque uma geração de adolescentes tão prontamente se identificou com sua decadência — e Diamandis, querendo ou não, capturou esse sentimento muito bem aqui.

Urban Jungle, 07/02

36. Céu — Caravana Sereia Bloom (MPB, Indie Pop)

Faixa essencial: Falta de Ar

Tomando um caminho ainda mais orgânico que seu antecessor, “Caravana Sereia Bloom” acompanha céu explorando ritmos mais latinos com a sua capacidade melódica impecável de sempre — canções mais ensolaradas e menos psicodélicas, mas indubitavelmente charmosas e cativantes.

4AD, 24/06

35. Purity Ring — Shrines (Synthpop)

Faixa essencial: Obedear

Um pivô para o synthpop do começo da década — Shrines é também um dos álbuns mais pop a incorporar o Witch House, trazendo seus elementos abrasivos e atmosféricos num contexto mais acessível, com vocais etéreos e composições mais melodicamente focadas, mas ainda mantendo uma certa áurea obscura e ameaçadora.

PIAS, 09/08

34. Dead Can Dance — Anastasis (Neoclassical Darkwave)

Faixa essencial: Kiko

Não muda a essência da dupla mesmo depois do longo período de separação, mas ainda é capaz de apresentar novas dimensões ao seu som de maneiras que não havíamos visto antes — as melodias aqui soam mais exuberantes que nunca, de maneira mais grandiosa que incorpora suas influências regionais num som mais aberto, mas inconfundivelmente Dead Can Dance

Atlantic, 23/04

33. Santigold — Master of My Make-Believe (Indietronica)

Faixa essencial: Disparate Youth

Representa um ponto focal do começo da década, colocando as influências do kuduro e de outros ritmos africanos em voga no meio de uma produção mais alternativa, mas com a energia de uma artista pop efusiva e uma intensidade mais experimental.

Parlophone, 12/10

32. Bat for Lashes — The Haunted Man (Art Pop)

Faixa essencial: All Your Gold

Embora sua voz etérea continue soando como se habitasse em outro plano espiritual, o tom de “The Haunted Man” estende por uma sonoridade bem menos mística e surreal, se baseando num Art Pop exuberante que varia entre sintetizadores sóbrios e baladas dilacerantes no piano — menos variado e mais ermo, “The Haunted Man” ainda carrega a intensidade dos trabalhos anteriores de Khan.

History Always Favours the Winners, 12/01

31. The Caretaker — Patience (After Sebald) (Ambient)

Faixa essencial: Everything Is on the Point of Decline

Tem uma abordagem concentrada, devido a ser uma score, mas é essencialmente o mesmo som preciosamente construído e desconcertantemente nostálgico do The Caretaker, mas com o fator fantasmagórico mais intensificado pelas melodias soarem mais cristalinas e vítreas.

Self-Released, 30/06

30. Tulipa Ruiz — Tudo Tanto (MPB, Indie Pop)

Faixa essencial: Víbora

Com um tom mais aberto que o álbum de estreia de Tulipa, “Tudo Tanto” ainda faz com que ela permaneça a força da MPB dessa década, com composições carismáticas que são a combinação perfeita para a sua voz eclética e multi-dimensional, abrindo campos também para interpretações mais soturnas e raivosas, expandindo seu catálogo de maneira natural.

Hyperdub, 16/04

29. Dean Blunt and Inga Copeland — Black Is Beautiful (Hypnagogic Pop)

Faixa essencial: 10

Um daqueles álbuns estranhos que faz todo o sentido enquanto você está ouvindo-o, mas você não consegue explicar porquê logo depois que o termina — músicas entrecortadas, samples desorganizados, sapateando entre o etéreo e o assustador — um sonho psicodélico que você não consegue divisar de maneira coerente.

Sargent House, 16/10

28. Chelsea Wolfe — Unknown Rooms (Dark Folk)

Faixa essencial: Flatlands

A produção acústica propõe um ângulo diferente aos lamentos góticos de Chelsea Wolfe e a permite trabalhar numa posição mais vulnerável, sem as camadas de guitarras e o véu sobrenatural que a cobria — num tom quase fantasmagórico, “Unknow Rooms” expõe o esqueleto dos dêmonios de Wolfe.

Slap, 09/10

27. SILVA — Claridão (Indietronica, Synthpop)

Faixa essencial: Claridão

Provavelmente um dos álbuns de estréia mais promissores da leva de artistas nacionais que tivemos no começo da década — um som fresco, com influências bem claras, mas desenvolvidas com personalidade e composições charmosas que unem a brisa poética da MPB com o colorido levemente mecânico da indietronica.

Virgin, 09/10

26. A Fine Frenzy — Pines (Indie Folk)

Faixa essencial: Winds of Wander

Tem uma atmosfera bem marítima, com um tom discreto, apresenta um dia nublado, mas suave — canções longas, que se permitem se desenrolar como um filme lento acompanhados pela voz pacífica de Sudol, que conta suas histórias de maneira orgânica e natural — o seu auge como compositora e artista.

Kning, 18/06

25. Anna von Hausswolff — Ceremony (Ambient Pop, Neoclassical Darkwave)

Faixa essencial: Deathbed

Divisa essas influências mais experimentais da Hausswolff mais claramente que o álbum de estréia, colocando o órgão como instrumento principal e intensificando o tom grave que soa como se estivesse dentro de uma catedral antiga — também intensificando o tom infernal dos vocais, mas ainda permitindo uma eterealidade sublime penetrar por alguns momentos mais dreamy.

BMG, 31/01

24. The Asteroids Galaxy Tour — Out of Frequency (Psychedelic Pop)

Faixa essencial: Major

Tem uma intensidade muito maior que o álbum de estréia e decide deixar se levar pela mesma — as influências de dub e os vocais mais espaçados de Mette são substituídos por um ethos mais punk ácido e uma euforia cortante por conta da entrega, continua o caleidoscópio de maneira mais ofuscante e chamativa.

Deranged, 29/05

23. White Lung — Sorry (Punk Rock)

Faixa essencial: Bunny

Um punk bem direto que se eleva tanto pela bateria raivosa que destaca diversos pontos dos 19 minutos aqui, como também pela vocalista enérgica e angular, que provê uma dinâmica muito mais multi-dimensional as canções rápidas e agressivas, influindo um tom sarcástico e levemente existencialista.

Slender Means, 01/10

22. Parenthetical Girls — Privilege (Indie Pop, Art Pop)

Faixa essencial: Portrait of a Reputation

Uma compilação de cinco EPs lançados entre 2011 e 2012 que representam de maneira impecável o trabalho intensamente pessoal e experimental em natureza, mas polido e acessível em execução, com pequenos pontos de desconforto pela entrega das letras surreais, mas extravagantemente pop e bem compostos.

Matador, 21/02

21. Perfume Genius — Put Your Back N 2 It (Chamber Pop)

Faixa essencial: AWOL Marine

A produção mais clara e dinâmica esparrama a melancolia e depressão de Mike Hadreas de maneira bem mais intensa em seu segundo álbum — devastador do começo ao fim, “Put Your Back N 2 It” é um compilado de pequenas canções que expõem uma dor lancinante em cada nota tocada nos pianos ermos e nos vocais lamentosos.

Kranky, 19/03

20. Mirrorring — Mirrorring (Ambient Pop, Psychedelic Folk)

Faixa essencial: Fell Sound

Uma colaboração entre Tiny Vipers e Grouper, que traz os melhores aspectos de ambas e os juntam num álbum que é impossivelmente tocante. Grouper traz as paisagens sonoras intensamente oníricas, enquanto Tiny Vipers contribui com as melodias folk menos abstratas e mais terrenas — ambos os elementos oníricos e terrenos se combinam para a potência máxima

Moduler, 25/05

19. Ladyhawke — Anxiety (Electropop, Noise Pop)

Faixa essencial: Sunday Drive

Com uma produção levemente noisy e guitarras cortantes mescladas com sintetizadores altos e intensos, Anxiety é um assalto aos ouvidos — muito fuzz e um som mais comprimido podem ser um fator negativo para muitos, mas quando esse efeito proposital é aliado a composições fortes e tão pegajosas quanto esta, enquanto conseguindo soar emocionalmente complexo, então você tem algo irresistível.

Arts & Crafts, 28/02

18. TR/ST — TRST (Synthpop, Futurepop)

Faixa essencial: The Last Dregs

Uma das combinações mais efetivas entre música industrial e música pop — como uma amálgama dos pontos positivos de ambos os gêneros, condensando a atmosfera erma e abrasiva com sintetizadores e melodias polidas e levemente acessíveis com um um vocal distinto e idiossincrático com carisma o suficiente para intensificar a experiência para algo único.

Not Not Fun, 30/10

17. LA Vampires with Maria Minerva — The Integration LP (Outsider House)

Faixa essencial: Seasons Change

Existe uma sensualidade distópica que simplesmente me atraí para esse álbum, com sua produção intoxicante e os vocais sutis que nos espetam no momento certo e da maneira mais pungente possível, música dance fantasmagórica, mas ainda embebida em euforia intensa.

PIAS, 10/02

16. Soap&Skin — Narrow (Art Pop)

Faixa essencial: Vater

Uma torrente de emoções que é simplesmente imparável — seja nas canções mais diretas e sufocantes, aonde a dor pode ser sentida de maneira desconfortável e direta como em “Voyage, Voyage” ou quando ela é canalizada por experimentações industriais como em “Deathmental” — “Narrow” tira tudo da frente e simplesmente nos entrega um trabalho exasperante sobre morte.

EMI, 26/03

15. Susanne Sundfør — The Silicone Veil (Art Pop)

Faixa essencial: Rome

Evolui a sonoridade gelada do álbum anterior e adiciona a ela mais melodias gradientes e composições mais fortes, além de uma entrega vocal mais confiante e forte — mas num geral, é uma continuação maravilhosa do seu álbum anterior em sua mistura de emocional congelante e melodias cerebrais.

Interscope, 31/01

14. Lana del Rey — Born to Die (Art Pop)

Faixa essencial: Blue Jeans

Ao misturar suas próprias experiências com uma persona que representa uma caricatura americana embebida em glamour decadente, Del Rey criou um dos álbuns pop mais culturalmente importantes da década — odeie ou ame essa persona, mas a transmissão da mesma através de um trip-pop letárgico e bombasticamente deprimente contém um magnetismo irresistível.

Fat Possum, 25/09

13. Melody’s Echo Chamber — Melody’s Echo Chamber (Dream Pop, Neo-Psychedelia)

Faixa essencial: Crystalized

Usa a psicodelia sessentista como trampolim para uma sonoridade muito mais inventiva, com suas melodias intricadas, estruturas não-usuais e vocais multi-dimensionais — Melody Prochet podeira abordar esse álbum de maneira mais segura e ainda ser bem sucedida, mas ela prefere torná-lo uma experiência muito mais intensa.

Hyperdub, 28/05

12. Laurel Halo — Quarantine (Ambient Pop)

Faixa essencial: Light + Space

Um álbum que abraça uma decadência futurista e a sua distopia cyberpunk sem oferecer uma saída — num mundo da destruição das relações humanas por sentimentos mecânicos que levam a um autoritarismo que massacra qualquer tipo de progresso, “Quarantine” é a voz sem corpo que nos arrasta por esse mundo paranoicamente monocromático e devastado

Bathetic, 04/09

11. Angel Olsen — Half Way Home (Indie Folk)

Faixa essencial: Lonely Universe

O álbum exala solidão. Uma entrega vocal desconcertante e angustiante — é a peça central do álbum que demonstra uma dor palpável e real que ecoa em sua mente. O acompanhamento para a voz são algumas melodias folk lo-fi, que servem de fundo para Olsen e ajudam a criar uma atmosfera ainda mais dilacerante.

Young Turks, 10/09

10. The xx — Coexist (Dream Pop, Ambient Pop)

Faixa essencial: Reunion

Esvazia o pop minimalista do álbum de estréia ainda mais, deixando as melodias ainda mais minimalistas, as interpretações ainda mais letárgicas e o sentimento de vazio ainda mais intenso — mas é competente o suficiente para ser tão encapsulante e emocionalmente pungente quanto “xx”.

Casablanca, 13/11

09. Crystal Castles — (III) (Witch House)

Faixa essencial: Transgender

Provavelmente o trabalho mais bem sucedido do Witch House, pega as partes mais etéreas dos álbuns anteriores e a intensifica com uma produção mais onírica e levemente gótica, com uma sensibilidade pop mais afiada, mas ainda misantrópico o suficiente para não perder a abrasividade, “(III)” é o álbum aonde o punho emocional da banda acerta de forma mais concentrada.

Modern Love, 29/10

08. Andy Stott — Luxury Problems (Dub Techno)

Faixa essencial: Numb

Continua a distorção do dub por uma produção ameaçadora e desesperançosa, mas retira uma parte das camadas impenetráveis dos idiomas industriais para inserir influências mais melódicas e abertas, com vocais femininos suaves mais proeminentes que tornam a produção mais suave de início, mas que ainda persiste em seu tom desesperançoso e pulsante da música techno.

Island, 20/08

07. Jessie Ware — Devotion (Alternative R&B)

Faixa essencial: Running

Meio que cria um microcosmo próprio nesse espaço liminar que é aonde ele se coloca quando mescla essa abordagem de devoção romântica com uma atmosfera etereamente lasciva — esse paralelo é muito bem carregado por Ware, que balanceia bem sua interpretação entre ambos mundos e ajuda a criar essa realidade meio intoxicante que permanece por toda sua duração.

Rvng, 08/03

06. Julia Holter — Ekstasis (Art Pop, Progressive Pop)

Faixa essencial: Marienbad

Divisa estruturas mais convencionais que o seu antecessor, mas ainda é coberto por uma aura de surrealidade transforma o caos artístico submergido de “Tragedy” em algo mais claro e primaveril, mas não menos intricado — “Ekstasis” é o passeio num jardim onírico com uma atmosfera roseada, um eterno labirinto etéreo.

Sub Pop, 15/05

05. Beach House — Bloom (Dream Pop)

Faixa essencial: New Year

Tira “Teen Dream” do seu sonho agridoce e o acerta na cabeça com uma melancolia mais catártica — “Bloom” tem uma abordagem mais obscura e angustiada ao Dream Pop, ao mesmo tempo que mantém a camada de surrealidade que eleva as composições pungentes e as melodias afiadas, transformando-o na montanha-russa de emoções mais intensa da banda.

Desmonta, 07/11

04. Metá Metá — MetaL MetaL (Vanguarda Paulista)

Faixa essencial: Man Feriman

Uma potência que só encontramos nesse país maravilhoso que é o nosso Brasil — a intensidade religiosa por trás das composições tem sua força amplificada pelas estruturas quebradas e arranjos levemente atonais que constroem uma polifonia carregada pela força da natureza que é a voz de Juçara Marçal, uma experiência única.

Arbutus, 21/02

03. Grimes — Visions (Synthpop)

Faixa essencial: Genesis

Uma culminação mais encorpada e sólida dos seus trabalhos anteriores — Grimes acerta a atmosfera perfeita, entre o futurista e o onírico, o sentimental e o mecânico e cria em “Visions” o ponto alto da sua visão musical e estética — sintetizadores etéreos complementam sua voz idiossincrática e se juntam para canções maleáveis e levemente abstratas, mas eternamente cativantes

To whom it may concern, 11/06

02. iamamiwhoami — kin (Art Pop, Electropop)

Faixa essencial: Sever

O ponto aonde o projeto iamamiwhoami foi mais bem sucedido — encapsula uma visão extremamente concisa do que quer fazer e a executa com uma maestria estonteante — desde a rastejante faixa de abertura até a euforia exuberante da faixa que fecha o projeto, somos levados por uma aventura etérea com seus altos e baixos através dos sintetizadores oníricos e o vocal único de Jonna que refletem uma narrativa bem divisada, que funciona mesmo sem os vídeos para acompanhar.

Clean State, 19/06

01. Fiona Apple — The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do (Art Pop)

Faixa essencial: Every Single Night

A honestidade mais brutal da década — um álbum composto de pequenos momentos — uma pequena idiossincrasia vocal, um forma de pronunciar uma palavra, um elemento ao fundo, uma explosão maior , etc.— que se ligam e que se amplificam quando conectados, formando um desenho intricado entre as composições emocionalmente complexas, que se espiralam, se entrelaçam e cambaleiam, acompanhados de uma Fiona Apple que tem muito a dizer, mas que atropela suas próprias palavras ao vomitar o que tem preso em si — um trabalho emocionalmente experimental, que se despe de melodias mais óbvias em detrimento de arranjos minimalistas provocantes, inferindo cortes lancinantes que passam imperceptíveis de primeira, até você perceber que está todo dilacerado.

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