“How did I forget I’m part of the dust?”: Favoritos de 2018

Marcus Vinicius
21 min readOct 5, 2019

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Um ano que se estendeu bastante, não só no âmbito pessoal, mas também no musical — sinto que tivemos uns 2 ou 3 anos dentro de um só, reflexo da quantidade de música incrível que foi lançada nele, com um top 10 em que todos os álbuns gritam “clássico” logo de cara, 2018 vê diversos artistas expandindo ainda mais seus horizontes e entregando trabalhos que empurram ainda mais as convenções, sendo um ano exuberante em trabalhos mais arriscados, o que é muito recompensador. Eu tenho uma teoria que os anos ímpares dessa década são melhores que os anos pares, mas 2018 é a exceção a essa regra.

TOP 10 EPS:

Atlantic, 09/02

10. Ravyn Lenae — Crush (Neo-Soul)

Faixa essencial: Sticky

On Repeat, 06/04

09. Little Boots — Burn (Nu-Disco)

Faixa essencial: Shadows

Self-Released, 01/10

08. Kim Petras — Turn Off the Light, Vol. 1 (Electropop, Dance-Pop)

Faixa essencial: Close Your Eyes

BlockBerryCreative, 20/08

07. LOOΠΔ — [ + + ] (K-Pop)

Faixa essencial: Hi High

Self-Released, 15/03

06. Moe Shop — Moe Moe (Future Funk, French House)

Faixa essencial: Magic

Self-Released, 08/08

05. Iglooghost — Clear Tamei (Wonky, UK Bass)

Faixa essencial: Clear Tamei

Self-Released, 08/08

04. Iglooghost — Steel Mogu (Wonky, UK Bass)

Faixa essencial: Steel Mogu

Sacred Bones, 25/05

03. Jenny Hval — The Long Sleep (Art Pop, Ambient)

Faixa essencial: Spells

Polyvinyl, 20/02

02. Kero Kero Bonito — TOTEP (Indie Pop, Noise Pop)

Faixa essencial: Only Acting

Ivy League, 25/05

01. Hatchie — Sugar & Spice (Dream Pop)

Faixa essencial: Sure

TOP 50 ÁLBUNS:

P.W. Elverum & Sun, 16/03

50. Mount Eerie — Now Only (Indie Folk)

Faixa essencial: Distortion

Se “A Crow Looked At Me” era uma torrente de dor crua e sem filtros, que dóia tanto que parecia que te mataria, “Now Only” é a auto-percepção e a representação controlada que essa dor não ira, de fato, te matar e que você é capaz de lidar com ela de uma maneira boa, até mesmo cômica — no entanto, não se engane, ela irá latejar pelo resto da sua vida, e está tudo bem.

FAMM, 08/06

49. Jorja Smith — Lost & Found (Contemporary R&B, Neo-Soul)

Faixa essencial: Where Did I Go?

Um R&B melancólico e pessoal canalizado através de uma sonoridade mais “clássica” — demonstrando uma habilidade para melodias marcantes, Jorja entrega as canções de maneira forte e confiante, mesmo um pouco quebrada em diversos momentos. Também incorpora diversas influências que vão desde o trip hop até um soul mais orgânico, os vocais de Jorja fazem as canções desabrocharem seu potencial em faixas ótimas

Republic, 17/08

48. Ariana Grande — Sweetener (Contemporary R&B)

Faixa essencial: R.E.M.

O álbum soa coeso devido a sua produção polida que junta as canções sob uma estética rosada única — as canções são dinâmicas, preenchidas com detalhes peculiares e ganchos mais discretos — não tem os pontos altos estelares de Dangerous Woman, mas é mais consistente como álbum, o que acaba nos recompensando bem mais.

Because, 21/09

47. Christine and the Queens — Chris (Synthpop)

Faixa essencial: Damn, dis-moi

Com um som mais conciso, pegando influências do synth funk oitentista, canalizando pelo seu charmoso sotaque francês e composições sólidas, Chris abraça sua identidade queer de maneira mais explícita em seu segundo álbum, ao mesmo tempo que produz um delicioso e divertido álbum de synthpop que intensifica ainda mais seu potencial.

Break World, 27/04

46. Elysia Crampton — Elysia Crampton (Deconstructed Club, Latin Electronic)

Faixa essencial: Oscollo

Melodias dinâmicas, ora abrasivas, ora com texturas tropicais, mas sempre um urgente senso de intensidade energizando cada segundo delas. Um álbum colorido que evoca imagens caleidoscópicas e é capaz de criar canções cativantes através de um extraordinário mix de influências latinas e eletrônicas, tendo como base uma míriade de maravilhosas paisagens sonoras que atravessam essa pequena explosão de intensidade e vivacidade.

Warp, 05/09

45. Yves Tumor — Safe in the Hands of Love (Neo-Psychedelia, Post-Industrial)

Faixa essencial: Honesty

Mostra Yves Tumor expandido sua paleta sonora e se tornando um dobrador de gêneros musicais em ótima forma, indo de bangers post-club soturnos, a pegajosas canções de indie rock psicodélica, colocando seus vocais no fronte com uma abordagem mais melódica que em seus álbuns anteriores e ainda retendo sua essência bizarra e desconfortável, com passagens barulhentas, samples estranhos e influências não-convencionais.

Loma Vista, 02/02

44. Rhye — Blood (Sophisti-Pop, Smooth Soul)

Faixa essencial: Taste

Não temos uma grande mudança sonora aqui, é ainda a sua versão moderna do smooth soul, exceto dessa vez a sonoridade se inclina para um som mais clássico do que a produção moderna do alt R&B, com melodias aéreas ao invés de influências eletrônicas. as influências Disco sutis prosseguem e elevam o álbum, assim como a leveza dos vocais acompanhados dos leves toques sofisticados e sutilmente dançantes dão as canções um charme irresistível em sua delicadeza romântica e atração espontânea.

Mom + Pop, 18/05

43. Courtney Barnett — Tell Me How You Really Feel (Indie Rock)

Faixa essencial: Need a Little Time

Em praticamente todos os aspectos, o segundo álbum da australiana Courtney Barnett é mais discreto que o seu álbum de estréia — contém menos pontos altíssimos que fizeram aquele álbum tão imediato, ao invés, faz uso de um humor mais reflexivo e mais suave. Um álbum charmosamente introspectivo para manter ao seu lado e observar sua apreciação por ele crescer de maneira gradual.

Sargent House, 14/09

42. Emma Ruth Rundle — On Dark Horses (Slowcore, Dream Pop)

Faixa essencial: Fever Dreams

“On Dark Horses” soa como um caminho natural para Emma Ruth Rundle — depois de obscurecer seu som ainda mais em “Marked for Death”, Emma aborda seu novo trabalho com uma atmosfera ainda mais pesada e mais enraizada no shoegaze, amplificando as guitarras, impulsionando os crescendos, intensificando a bateria e criando uma atmosfera ainda maior e mais encapsulante

Deckdisc, 18/05

41. Elza — Deus É Mulher (Art Rock, Vanguarda Paulista)

Faixa essencial: Deus Há de Ser

“Deus é mulher” expande a mistura de samba com punk que ela apresentou em “Mulher do fm do mundo”, com uma adição de dosagens de math rock na receita também — o resultado é menos catártico (e levemente menos consistente), mas ainda mais frenético e barulhento que seu antecessor. Os vocais de Elza são tão ferozes como os ritmos polifônicos e as guitarras angulares que os acompanham, apenas a sua experiência e pura energia podem fazer funcionar as letras políticas diretas e sem rodeios.

Anti-, 01/06

40. Neko Case — Hell-On (Alt-Country)

Faixa essencial: Hell-On

“Hell-On” apenas solidifica Neko Case como uma fantástica compositora e artista de country — um trabalho bem denso e empilhado de emoção e uma grandiosa atmosfera, sem fazer uso de nenhum elemento chamativo ou produção maximalista — as canções se sustentam no poder cru das suas composições.

Kompakt, 18/05

39. GAS — Rausch (Ambient Techno)

Você está apenas em uma sucessão de árvores que nunca parecem esmaecer, desaparecendo infinitamente no horizonte. A floresta te mudou, entrou em seu DNA e depois de tudo, você não é nada além de um só com a mesma — a capa, um tipo de ilusão de ótica, também representa isso, você tenta encontrar uma saída, mas a floresta continua te confundindo, até você aceitar seu próprio destino de permanecer ali para sempre.

Atlantic, 02/02

38. Rae Morris — Someone Out There (Synthpop, Electropop)

Faixa essencial: Do It

Tão variado quanto consistente, enquanto permanece inacreditavelmente grudento. Adicionando uma boa dose de personalidade que faltou nos seus trabalhos anteriores, os sintetizadores elásticos e coloridos injetam energia e vigor a sua interpretação e voz doce e levemente idiossincrática

Warp, 01/06

37. Oneohtrix Point Never — Age Of (Progressive Electronic)

Faixa essencial: The Station

Cada elemento tem sua textura ampliada até o topo a fim de acertar em cheio na criação de sensação estonteante, a produção rasteja para dentro de você e atiça seus sentidos através dos seus ouvidos com uma sensação de formigamento. Provavelmente o seu mais maximalista, pegando influências de música barroca e art pop, misturando com seu estilo eletrônico progressivo, criando um caleidoscópio exuberante, fluorescente e explosivo de solidão.

Latency, 13/07

36. Laurel Halo — Raw Silk Uncut Wood (Ambient)

Faixa essencial: Raw Silk Uncut Wood

Se permanece bem futurista, mas mais próximo ao coração humano que a distância androide que ela mantinha anteriormente. Se os trabalhos anteriroes de Halo era perturbadoramente repelentes, mas sem dúvidas extremamente viciantes, esse novo álbum mostra uma abordagem completamente convidativa, não se desfazendo da sua natureza mecânica integralmente,

4AD, 30/11

35. Ex:Re — Ex:Re (Dream Pop)

Faixa essencial: Romance

Não se desvia muito da sonoridade encontrada nos álbuns de Daughter — menos atmosférica e com menos crescendos de post-rock, é como se fosse uma versão mais tímida de um álbum da banda. Em uma natureza quase storytelling em sua composição, ele sai como apenas alguém desabafando com alguns acordes mínimos atrás de um pouco de reverb, de forma direta, crua, machucada, com momentos de devaneios amargos.

Mamba Rec, 08/11

34. Teto Preto — Pedra Preta (Industrial Techno)

Faixa essencial: Bate Mais

Temos um perfeito senso de frenesi incorporado por essas canções que encapsulam perfeitamente um humor psicodélico sem fazer uso da psicodelia em si, também misturando paisagens sonoras industriais ermas com luzes estroboscópicas transformando o álbum num intenso e agressivo caleidoscópio.

Ninja Tune, 05/10

33. Marie Davidson — Working Class Woman (Minimal Synth, Tech House)

Faixa essencial: Work It

Ameaçador e sarcástico de uma maneira quase caricata— a produção industrial combina com as passagens faladas maníacas e irônicas e criam uma atmosfera futurista distópica, com uma sonoridade opressora, no meio disso tudo se encontra um ritmo incessante que pulsa uma batida instigante na essência dessas faixas que falam sobre o machismo no meio musical e a obsessão capitalista pelo trabalho

PAN, 05/10

32. Puce Mary — The Drought (Death Industrial)

Faixa essencial: A Feast Before the Drought

Um álbum de Death Industrial enervante e tenso, incríveis texturas sonoras e uma inacreditável produção dinâmica dá vida ao imenso senso de pavor saindo desses guinchos penetrantes e atmosfera desconfortável trago até você pela sempre assombrada Puce Mary.

Universal, 28/11

31. KOTO — ばいばいてぃーんずららばい (J-Pop)

Faixa essencial: Dead or Kawaii

O álbum de estreia de Koto foi um estelar pedaço de j-pop frenético e açucarado com influências bitpop e um senso de euforia exagerado — seu segundo álbum apenas intensifica esse senso com uma produção mais variada, passagens ainda mais coloridas e uma produção angular que se baseia em suas influências oitentistas mais do que em bit music

Other People, 17/02

30. Against All Logic— 2012–2017 (Deep House)

Faixa essencial: This Old House Is All I Have

Misturando uma produção elegante e impactante, com samples empoeirados e um senso de ritmo afiado, “2012–2017” já é uma força imediatamente cativante no EDM. Mesmo com uma hora de duração, todas as faixas soam essenciais, transformando “2012–2017” em uma coleção envolvente e com alto potencial de replay.

Saddle Creek, 06/04

29. Hop Along — Bark Your Head Off, Dog (Indie Rock)

Faixa essencial: Prior Things

As melodias aqui são mais sutis e com mais detalhes, deixando espaço para o álbum respirar e adicionar elementos e estruturas diferentes. Parece construir mais e deixar mais para ser explorado pelo ouvinte, especialmente porque a vocalista é extremamente tridimensional — as melodias mais complexas a permitem ir além de apenas gritos (que são ótimos) e explorar diferentes texturas, ângulos e abordagens a mesma

Kranky, 27/04

28. Grouper — Grid of Points (Singer/Songwriter, Ambient)

Faixa essencial: Birthday Song

Grouper constrói algo liberador através do puro poder do silência, ela se tornou mestre em uma combinação de silênca e notas mínimas. Se “Ruins” era o álbum de “sentar estaticamente na sua cama no escura as 4 da manhã encarando o nada enquanto você se sente desesperançosamente vazio e torpe”, “Grid of Points” é o o álbum “dando uma volta no parque as 5 da tarde encarando as árvores enquanto você se sente um pouco menos desesperançoso, mas sem dúvidas melancólico e sozinho”.

Tratore, 17/07

27. Carne Doce — Tônus (Indie Rock, Psychedelic Pop)

Faixa essencial: Comida Amarga

A entrega enérgica e acusadora tanto dos vocais da Salma como nas guitarras crepitantes são trocados por uma abordagem mais suave e lisérgica — não são menos fortes ou corajosas, no entanto, com melodias muito bem construídas que se desdobram lentamente de maneira cativante, temos também os vocais mais discretos, mas não menos hipnotizantes de Salma para se adicionar a esta mistura, eles vagueiam pelas palavras e demonstram suas múltiplas faces e incrível qualidade multidimensional.

Columbia, 09/02

26. MGMT — Little Dark Age (Synthpop, Neo-Psychedelia)

Faixa essencial: Little Dark Age

Um álbum que está sempre florescendo e mostrando uma de suas facetas, seja mais suave, mais maníaca, mais colorida, mais erma, cômica ou séria — alguém poderia dizer que é revivalismo apenas por ser, mas toda vez que soa dessa forma, o duo joga um elemento inesperado na canção e distorce as coisas para caminhos mais excitantes e multi-angulares

Speedstar Int’l, 24/10

25. 青葉市子 — qp (Contemporary Folk)

Faixa essencial: 月の丘

Sua voz, suave como seda e completamente hipnotizante comanda essas melodias doces e oníricas para dentro do mundo do surreal e do pacífico — os acordes são o trabalho de alguém realmente habilidoso, são convincentes e envolventes de uma maneira pungente e única, trabalha com sutilidade que evoca imagens através desses acordes. Uma artista completa que traz sutis elementos para dentro da sua abordagem simples e que é capaz de se destacar pelo seu imaculado charme e talento.

Epic, 16/11

24. Mariah Carey — Caution (Contemporary R&B)

Faixa essencial: Caution

“Caution”, de todas as maneiras, é a mais corajosa afirmação de Mariah — com 38 minutos e 10 faixas, amarra tudo que fez de bom em sua carreira, além de explorar novos campos, se mantendo atualizada — tudo é empacotado num papel de presente azul que destaca toda as suas qualidades, “Caution” é um testamento ao legado de Mariah, aparando as arestas do que a impedia anteriormente e fazendo justiça, finalmente, a todo seu potencial artístico.

Warner Bros, 20/04

23. Kimbra — Primal Heart (Synthpop, Art Pop)

Faixa essencial: Top of the World

Ao contrário do seu álbum anterior que esparramava suas influências por todo o canto, “Primal Heart” pega uma rota mais concisa, não é menos colorido ou épico, mas condensa suas influências num som electro/synthpop mais focado e concentrado

Interscope, 06/04

22. Kali Uchis — Isolation (Neo-Soul, Contemporary R&B)

Faixa essencial: After the Storm

Kali vai atrás de sons pertencentes ao neo-soul, doo-woop, sophisti-pop e mistura tudo com influências latinas modernas enquanto conta uma produção que tem um quê de psicodelia. Com um senso exuberante de texturas sonoras, um vocal intoxicante e exalando sensualidade, ela vende essas músicas com a confiança de alguém que sabe exatamente o que está fazendo, rodando o disco em ângulos diferentes e fazendo essas texturas muito mais proeminentes e relevantes.

To whom it may concern, 16/02

21. ionnalee — Everyone Afraid to Be Forgotten (Art Pop, Synthpop)

Faixa essencial: Gone

A sonoridade aqui é um pouco mais imediata, com um som pop menos atmosférico, mas é essencialmente o mesmo tipo de electro/synthpop etéreo, cristalino e lisérgico pelo qual ela é conhecida. As composições são completamente sólidas, com diversos ganchos perfeitos que ecoam em sua mente— tudo se complementa, criando uma experiência mais dançante, mas não menos surreal e mística .

ATO, 01/06

20. Natalie Prass — The Future and the Past (Sophisti-Pop, Pop Soul)

Faixa essencial: Short Court Style

Em seu segundo álbum, seu som se torna mais variado, com linhas de baixo funky, arranjos soul mais coloridos e sofisticados, que permanecem tão doces quanto seus trabalhos trabalhos anterior, mas de forma mais afiada e com um empurrão mais forte. Ela domina o som com graça, charme e uma interpretação confiante.

Sony Latin, 09/02

19. Natalia Lafourcade — Musas, Vol. 2 (Nueva canción latinoamericana)

Faixa essencial: Derecho de Nacimiento

Se o primeiro volume era mais relaxado, ensolarado e apenas com uma melancolia suave em algumas canções, esse é mais intenso e sombrio. Assim como o primeiro volume se você não soubesse que esse é um álbum composto em sua maioria por covers, você não perceberia pela forma que Lafourcade interpreta tão apaixonadamente e encapsula essas canções com tanta personalidade, transformando-as totalmente — assim como se você não soubesse que ela escreveu alguma dessas, não poderia distinguir, porque todas soam como clássicos.

Sacred Bones, 28/09

18. Marissa Nadler — For My Crimes (Chamber Folk)

Faixa essencial: Blue Vapor

obscurecendo seu som ainda mais de uma maneira verdadeiramente sutil, evoluindo e expandindo-o com uma matriz maior de influências — soando ainda mais assombradamente solitária — dedilhados sombrios de violão, uma interpretação etérea, estilizações levemente góticas com toques de country — as canções aqui são contos de solidão e amargor entregues com um tom arrepiante e incorporando vários elementos discretos que as fazem soar desesperançosas e devastadoras

Domino, 15/06

17. Melody’s Echo Chamber — Bon Voyage (Neo-Psychedelia, Progressive Pop)

Faixa essencial: Cross My Heart

É capaz de construir uma atmosfera perfeita, com um senso de mistério e excitação através dessas maravilhosas 7 faixas, um álbum criativo e extremamente polido, mas que exala vida e cor através de suas canções sonoramente ocupadas e progressivamente belas.

Transgressive, 29/06

16. Let’s Eat Grandma — I’m All Ears (Art Pop, Synthpop)

Faixa essencial: It’s Not Just Me

“I’m All Ears” é a culminação da cultura millenial dentro de um som colorido com uma miríade de influências que ainda consegue ser capaz de soar distante, flutuando numa camada angústia, desejando estar o mais longe da realidade possível — tudo isso sendo extremamente pegajoso, com diversas camadas para serem exploradas, num equilíbrio entre imediatez e desafio.

Matador, 02/03

15. Lucy Dacus — Historian (Indie Rock)

Faixa essencial: Night Shift

O que beneficia muito “Historian”, é seu estilo de composição — ao invés de termos canções mais baseadas na estrutura verso-refrão-verso, temos canções mais assimétricas que se alongam em passagens quase progressivas e transformam as músicas em diversas seções diferentes, que desintensificam o poder dos refrões, tornando-os pouco identificáveis, mas amplificam o poder e impacto das letras ermas e escritas em estilo de conto.

Bad Boy, 27/04

14. Janelle Monáe — Dirty Computer (Contemporary R&B, Art Pop)

Faixa essencial: Screwed

A entrega frenética de Janelle e suas letras diretas, com um tom quase punk em si, amplificam a atmosfera efervescente do álbum — as letras podem ser muito “na sua cara”, mas sua natureza direta funciona no contexto do álbum — as vezes você precisa ser direto e sem rodeios, ou a sua mensagem não funcionará e esse é o caso aqui. Janelle está simplesente cuspindo a sua verdade enfaticamente e não se importa com ninguém em seu caminho, ela está cuspindo a sua verdade a abraçando sua negritude e sexualidade em todos os níveis — música empoderadora em todos os sentidos da palavra.

History Always Favours the Winners, 05/04 & 20/09

13. The Caretaker — Everywhere at the End of Time-Stage 4 & 5 (Dark Ambient, Turntable Music)

Atingimos aqui um nível amaldiçoado de deterioração, se os três estágios anteriores eram nostálgicas e melancólicas melodias levemente alteres com glitches e ferrugem, o estágio 4 e 5 são essas melodias completamente enterradas pela ferrugem e decadência, é apenas uma enorme parede de som, se impondo como um feroz e ameaçador sentimento de derrota e depressão — alguma melodia pode aparecer aqui e ali, mas será rapidamente destruída e soterrada por um drone, te dando um sentimento de dormência, de estar perdido dentro da sua própria mente e então encontrar uma doce memória, algo para se segurar, apenas para ser inundado por mais espaço vazio.

Mercúrio, 18/05

12. Clau Aniz — Filha de Mil Mulheres (Art Rock)

Faixa essencial: Berro

Um álbum de combustão lenta que não apressa nada e permite que suas influências e canções se desenrolem diante dos nossos olhos. Começa lentamente com uma voz profundamente suave e cadente que soa elusiva assim como reconfortante — então, te engole em saxofones de dark jazz e antes mesmo que você perceba, estás cercado por uma enorme e imponente atmosfera obscura, com guitarras de post-rock e um senso de estar engolfado em algo poderoso, apesar de calmo. O álbum continua a soar como uma “calmaria antes da tempestade”, um desenrolar de elementos que irão te levar a algo maior — mas isto nunca acontece, pois você não está na calma antes da tempestade, você já está na tempestade em si desde o começo do álbum.

Dead Oceans, 17/08

11. Mitski — Be the Cowboy (Indie Rock, Art Pop)

Faixa essencial: Nobody

Pegar sentimentos de solidão, crise existencial, melancolia, nostalgia e explodindo eles numa erupção de emoções espiraladas em um curto período de tempo já é a marca registrada de Mitki — e em “Be the Cowboy” sua incrível habilidade como compositora permanece sólida, ela é capaz de compactar grandes emoções em pequenas canções, pintando uma imagem vivida através do seu modo de compôr dinâmico, mas afiado, criando uma atmosfera solitária e interpretando todas essas canções de uma maneira variada, indo de apática a catártica em questões de segundos

4AD, 16/02

10. U.S. Girls — In a Poem Unlimited (Psychedelic Pop)

Em seus singelos 37 minutos, “In a Poem Unlimited” se desdobra como um dos trabalhos mais puramente efusivos e ambiciosos do ano e com um histórico e discografia mais lo-fi e discreta, Meg Remy se desabrocha como uma artista incrivelmente promissora — seu senso melódico é insuperável, sua produção pristina atinge seu ápice e sua voz, sensualmente atrativa, mas sinistramente desafiadora em pontos, fecha o álbum como uma obra consistente, instigante e recompensadora em todos os sentidos.

relevante.

Kranky, 28/09

09. Tim Hecker — Konoyo (Ambient, Electroacoustic)

Faixa essencial: Keyed Out

Com seu design sonoro perfeito e incríveis texturas, Konoyo deixa as canções com finais e conclusões mais abertas, ao invés de atingir um ponto final natural ou esperado, construindo imagens gigantes e deixando-as penduradas como entidades ameaçadoras que nos encaram no topo de sua escuridão majestosa — um trabalho estonteante e corajoso que não tem medo de empurrar a beleza para o meio da destruição e completamente abraçar um som mais dinâmico dentro do gênero.

MCA Nashville, 30/03

08. Kacey Musgraves — Golden Hour (Country Pop)

Faixa essencial: Oh, What a World

Músicas felizes e com um sentimento otimista, muitas vezes acabam soando até mesmo opressivas para quem não é tão feliz quanto elas, como se estivessem esfregando o quanto são felizes e nós não somos — no entanto, Kacey consegue transmitir através de suas canções um sentimento leve e imaculado de felicidade, uma felicidade com pinceladas de melancolia cotidiana, mas com uma abordagem suave e pristina, que nos faz querer estar em seu estado de espírito e acreditar nela mesmo que seja durante apenas os 45 minutos de duração do álbum.

Konichwa, 26/10

07. Robyn — Honey (Dance-Pop, Electropop)

Faixa essencial: Honey

O álbum de dance-pop que todos nos precisávamos esse ano, pega uma fórmula simples e se sobressai perfeitamente. É hedonista na mesma intensidade que é sensível, pega seu electropop típico da Robyn e o intensifica com a sutilidade da Ambient House e o ritmo idionsicrático da Deep House — com uma produção cristalina e ganchos pungentes, Robyn soa revigorada, diminuindo a quantidade de refrões grandiosos e produções bombásticas, amplificando a atmosfera da música house, tornando música dance em algo reluzente e emotivo.

Sub Pop, 11/05

06. Beach House — 7 (Dream Pop, Neo-Psychedelia)

Faixa essencial: Last Ride

“7” não foge tanto da sua zona de conforto, mas brinca ao redor da mesma um pouco, de maneira hipnotizante e marcante. É óbvia a contínua evolução da banda, através das melodias imaculadamente construídas apresentadas aqui — desde o novo som psicodélico que energiza a sua fórmula dream pop impecável, até as canções mais obscuras, com influências de música eletrônica e ambient. “7” é um testamento ao legado da banda — um quieto e discreto legado, mas um legado monumental que demonstra um poder de longevidade de uma banda realizada que encontrou seu próprio som e continua a explorá-lo perfeitamente por mais de uma década e que nunca soa cansada ou menos relevante.

City Slang, 02/03

05. Anna von Hausswolff — Dead Magic (Neoclassical Darkwave)

Faixa essencial: The Mysterious Vanishing of Electra

“Dead Magic” é um álbum dinâmico que explora todas as capacidades Anna von Hauswolff em sua máxima potencialidade — tanto nos seus vocais expressivos que não se envergonham de criar texturas desconfortáveis através de grunhidos, algumas quebras e uma respiração entrecortada, assim como na construção de canções que progridem de maneira coerente, mas ao mesmo tempo infernal e surpreendente — uma das experiências mais arrebatadoras do ano.

Sony, 02/11

04. Rosalía — El Mal Querer (Flamenco Pop, Art Pop)

Faixa essencial: Di Mi Nombre

“El Mal Querer” é uma obra prima sonora — produção exuberante com escolhas inteligentes que valoriza cada detalhe do álbum num pacote acessível, mas também desafiador no final das contas, empurrando os limites na música mainstream de maneira única, através de uma voz vívida e impositiva. Rosalía subverte tanto o tradicional flamenco quanto a música mainstream moderna numa incrível fusão que torna-a a artista mais importante e relevante do ano.

Polyvinyl, 01/10

03. Kero Kero Bonito — Time ’n’ Place (Twee Pop)

Faixa essencial: Only Acting

“Time ’n’ Place” é uma explosão de sentimentos em forma de álbum, uma explosão sem filtros num tom quase auto-depreciativo, mas consciente de seu próprio estado mental, aceitando suas crises e tomando o controle, mesmo que seja para uma ocasional explosão desgovernada. “Time ’n’ Place” é agridoce assim como é catártico, ganchos deliciosos se tornam ainda mais estelares através de linhas de guitarra twee fantásticas e explosões de sintetizadores barulhentos que floreiam ainda mais as canções — uma experiência fantástica e viciante que soa tão importante quanto nunca, um retrato direto da depressão através dos olhos de alguém que tenta lidar com isso da melhor maneira que pode, incluindo berrar sobre o quão miserável é através de uma sonoridade indie pop noventista

Future Classic, 15/06

02. SOPHIE — OIL OF EVERY PEARL’S UN-INSIDES (Bubblegum Bass, Deconstructed Club)

Faixa essencial: Whole New World / Pretend World

Servindo como o som da libertação de uma pessoa em relação a suas amarras sobre gênero, rótulos, expectativas e papéis, soa como algo que conforta ao mesmo tempo que confronta, te empurra para frente por provocar auto-liberação, borrando a linha do “gênero” em algo irrelevante e imaterial enquanto tornando-o como algo ainda mais importante de ser discutido.

Domino, 26/10

01. Julia Holter — Aviary (Art Pop, Progressive Pop)

Faixa essencial: Words I Heard

“Aviary” é música em seu aspecto mais corajoso e importante — é tradução de sentimentos, tradução de uma mensagem, tradução da forma que você quer se comunicar com o mundo e ao mesmo tempo é abrigo de toda comunicação, é a retirada de qualquer mensagem, uma quebra de todos os sentimentos barulhentos que martelam sua cabeça. É o nosso mundo e um escape do nosso mundo — não resolve o caos de nossas almas, mas nos dá comforto atrvés de texturas sonoras, palavras abafadas, composições extraordinárias e um senso de liberação através de paisagens sonoras. “Aviary” é capaz de soar grandioso ao apenas ser, sem a pretensão de se tornar algo.

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